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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Negócios por assinatura vendem de cuecas a azeites e crescem no país

Nos últimos três anos, cresce no Brasil uma tendência importada dos Estados Unidos: os clubes de assinaturas. Pelo menos 300 empresas atuam nesse ramo no país e faturam R$ 400 milhões ao ano, segundo a Associação Brasileira de Clubes de Assinatura. De temperos a fraldas, tudo pode ser entregue em casa mediante um pagamento mensal e um pedido feito pela internet, como no já conhecido modelo de revistas e jornais.

– Até a área de softwares está caminhando para isso. Em vez de pagar milhares de reais para implantar um, você paga uma mensalidade pequena todo mês. É como o Netflix – diz Carlos Cruz, diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas).

Hoje no Brasil, há pelo menos 400 mil consumidores que recebem produtos de clubes de assinatura, estima a associação do setor. E a expectativa é que esse número continue crescendo.

Nos Estados Unidos, onde o setor já atua com força desde o início dos anos 2000, o caso mais célebre é o do Dollar Shave Club, que entrega lâminas de barbear. A empresa começou a operar em 2011 e hoje tem impressionantes 3,2 milhões de assinantes. Tem despertado o interesse, inclusive, da gigantesca Procter & Gamble (P&G), que passou a ver no serviço uma forma de eliminar os intermediários nas vendas de seus produtos.

Esses negócios atraem clientes pela praticidade que oferecem, mas também pela curadoria que a empresa faz de um determinado tipo de produto. É o caso, por exemplo, da TAG Experiências Literárias, que entrega todo o mês um livro escolhido por alguém que é considerado referência cultural. Também é o que faz o Clube do Azeite, que seleciona garrafas dos melhores produtores do mundo no segmento.

Clube de vinhos reúne 140 mil assinantes

O caso mais célebre do ramo no Brasil é da gigante Wine, um e-commerce de vinhos que lançou em 2010 o ClubeW. O associado paga a partir de R$ 66 mensais por duas garrafas e recebe vinhos selecionados. O clube soma mais de 140 mil assinantes e é responsável por cerca de 40% do faturamento da empresa, que no ano passado foi de R$ 300 milhões.

No ano passado, a Wine cresceu ao entrar no ramo de cervejas especiais com o Clube WBeer, criado a partir da aquisição da empresa Have a Nice Beer. Já são 10 mil assinantes do serviço, que entrega de duas a seis garrafas por mês, por valores entre R$ 40 e R$ 102.

Uma das vantagens desse modelo de negócio, segundo Bruno Picinini, especialista em empreendedorismo digital, é poder prever faturamento e estoque.

– É um negócio com mais estabilidade, que dá maior capacidade de planejamento por parte do empreendedor, já que ele consegue estimar o faturamento do mês seguinte – diz.

Apesar das facilidades, ao mesmo tempo demanda alguns cuidados. A entrega é um dos pontos que podem causar dor de cabeça, tanto por problemas logísticos quanto pelo custo de frete.

Um dos cuidados que a Wine teve com a logística foi desenvolver sua própria embalagem. Eles criaram um invólucro projetado para suportar impactos, para ser resistente ao peso e facilitar o transporte de garrafas. Foi a primeira embalagem de papelão permitida para transporte de vinhos no modal aéreo no país, o que mudou o mercado. Antes dela, só era permitido o transporte de garrafas em caixas de madeira.

De acordo com Gabriel Ribeiro, presidente da associação do setor e fundador da BistroBox – de assinatura de produtos gastronômicos –, o modelo de negócio é muito diferente de um e-commerce normal. Uma desvantagem é o custo maior de aquisição de um cliente – quanto você gasta para atraí-lo e fazê-lo comprar.

– As pessoas não vão atrás de você espontaneamente. Não dão um Google em busca do termo "assinatura". É muito mais um negócio no qual nós temos de ir até o cliente e nos apresentar, mostrar o que fazemos. Há um trabalho maior de conquista do comprador – explica Ribeiro.

Além disso, é necessário ter cuidado para não ir no embalo do negócio da moda. O produto, diz Ribeiro, precisa ter algo a mais, que não é encontrado na concorrência. Picinini concorda:

– Há alguns anos, tivemos no Brasil o boom das compras coletivas. Sobraram poucas empresas que entraram no ramo. Em negócio da moda, é preciso ter cautela. É preciso ver se seu produto tem algum diferencial, se vai continuar sendo interessante para o cliente daqui a um ou dois anos. Se for só mais um, vai morrer – alerta Picinini.

Conheça alguns clubes no Brasil

Clube do Azeite

Envia a cada mês uma garrafa de 500 ml de azeite de oliva de algum lugar do mundo, selecionado por especialistas. Sai por R$ 89

Clube W

O associado paga a partir de R$ 66 mensais por duas garrafas e recebe vinhos selecionados pelos winehunters.

Clube WBeer

Todos os meses o beerhunter seleciona de duas a seis cervejas do mundo. Preço entre R$ 40 e R$ 102.

Glambox

Por R$ 72 você recebe em casa uma caixa com 5 a 7 produtos de beleza (miniaturas, amostras ou full size).

Farofa.la

Por R$69, entrega uma caixa com snacks feitos com ingredientes orgânicos, sem conservantes ou corantes, práticos para carregar na bolsa ou ter na gaveta do escritório.

Moka Clube

Envia uma edição limitada de café selecionado por especialista. É possível escolher entre receber moído ou em grão. Custa R$ 37,90 ao mês.

Petite Box

Por R$74,90 (mais frete), entrega de 4 a 6 produtos para bebês, como cosméticos, produtos de higiene e vestuário.

Rabixo

A empresa monta um kit que pode ter cuecas, meias e itens básicos de higiene como desodorante. O preço varia conforme a quantidade de itens selecionados para a caixa.

TAG Experiências Literárias

Todos os meses convida alguma referência do cenário cultural para fazer a curadoria do livro que será enviado ao associado. Nomes como Mario Sergio Cortella e Luis Fernando Verissimo já fizeram parte dessa lista. Sai por R$ 69,90
 
Fonte: Diário Catarinense

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