Roberto Meir, CEO do Grupo Padrão, repercute estudo inédito sobre o futuro do varejo na publicação do celebrado World Retail Congress (WRC).
A vida de todos nós mudou drasticamente diante dos “Cisnes Negros” sem precedentes que vivemos neste ano, com lockdowns, quarentenas e rígidas regulamentações governamentais em diversos países ao redor do mundo. Com um milhão de mortes contabilizadas, ainda estamos tentando lutar e gerenciar os riscos associados a este visitante tão indesejado.
Para mostrar como o varejo brasileiro está driblando esse imenso desafio, aproveitamos a oportunidade de compartilhar com a comunidade World Retail Congress novas percepções e descobertas lançadas pelo estudo Brazilian Brave New Retail, da DOM Strategy Partners, consultoria de extrema relevância no mercado brasileiro.
1. Crescimento do digital: O e-commerce multinacanal ganha um papel protagonista. Espera-se que o modelo corresponda a 14% do varejo no final deste ano – significa que o tamanho do segmento dobrará.
2. Mundo phygital: O varejo físico renascerá como um varejo que terá o digital como base, isto é, cada novo negócio começará digitalmente, desde a concepção. A única saída para os negócios tradicionais será ressignificar e recriar seus negócios, oferecendo valor agregado e experiências marcantes. O Magazine Luiza é referência nacional e o melhor modelo de varejo phygital, por aqui. O Carrefour também tem se transformado rapidamente e é o maior varejista brasileiro em faturamento.
3. Hub de experiências multimarcas: Shoppings centers terão de ser um verdadeiro centro de experiências selecionadas. Eles focarão em eventos multimarcas, por temas, datas, ocasião e similaridade entre marcas; serão transformados em hubs de experiências físicos multimarcas. O Shopping Iguatemi, mais antigo e sofisticado de São Paulo, acaba de lançar a Boulevard Fashion Experience Week, patrocinada pela Kraft Heinz, criando um bom motivo para sair de casa e ter uma experiência marcante e agregadora com a família. Além disso, os shoppings também estão se transformando rapidamente para atender todo o bairro de forma mais ampla, com atacado e ponto de entrega de produtos e serviços, em uma abordagem phygital.
4. SuperApp: A ascensão de ecossistemas de consumo centralizados é uma realidade. Ou seja, lojas e marcas, produtos e serviços, transações de pagamentos, estoque e distribuição, entrega, programas de fidelidade, eficiência tecnológica se unem em torno de um único ponto: toda a cadeia será combinada em um SuperApp. O Mercado Livre e o Magazine Luiza lideram essa estratégia no Brasil e podem ser descritos como autênticos varejistas do estilo Amazon do Brasil. O iFood também tem adotado esse conceito. Agora, esperamos o momento em que grandes bancos e empresas de telecomunicações entrarão neste importante mercado.
5. “Lobal”: O foco agora é naquilo que é local, embora seja global. Consumidores de todo o país estão exigindo fornecedores locais, lojas de bairro, com um DNA único. Produtos com raízes culturais serão obrigatórios. A Nespresso está investindo em uma cadeia completa de agricultores para produzir um café com qualidade premium. Do Brasil ao Brasil.
6. O fim do marketing de causas. A queda, decadência e perda total de credibilidade do conceito de marketing com base em causas. Os consumidores estão considerando as campanhas adotadas por muitas empresas como oportunistas e que não consideram a essência de sua história e cultura corporativa. Apenas mais um erro de marketing.
7. Lucro como motivação principal – não o propósito: Muitas empresas enganam ao dizer que estão construindo um “mundo melhor”: o modelo contribuiu para o atual acúmulo de poder, concentração de riqueza e aniquilação da maioria dos pequenos e médios negócios. Essa tendência piorou muito durante a pandemia. Lembre que algumas centenas de bilionários globais acumularam mais de um trilhão de dólares em ativos, deixando o resto do mundo mais pobre. O nobre conceito de salvar o mundo os ajudou a salvar a própria carteira.
8. Criando experiências rentáveis: Muito mais importante do que criar experiências marcantes para o cliente é ter consciência da monetização do que se criou. A experiência não é um fim, mas um meio que visa ganhar a atenção do cliente e viabilizar negócios.
9. Parceiros da marca: As marcas devem notar que o humor do consumidor está mais frágil, ansioso, preocupado e, de certa forma, mais deprimido. Um parceiro real ajuda a financiar a compra do consumidor, parcelando-a em 10 ou 12 vezes e criando uma verdadeira rede sustentável. Parceiros de marca adotarão o conceito de sustentabilidade real de acordo com as necessidades do consumidor, analisando os dados para manter um relacionamento duradouro para que, juntos, a crise seja superada.
10. Humanos, acima de tudo: Nem tudo se tornará digital. Consumidores estão interessados na vida real.
Fonte: Consumidor Moderno
Nenhum comentário:
Postar um comentário