A cada cem consumidores da terceira idade (acima de 60 anos), 45 têm dificuldade para encontrar produtos e serviços adequados a sua faixa etária.
Na hora de comprar roupas, consideram que as lojas ainda oferecem opções para os jovens demais ou para os "velhinhos" demais. No momento de comprar um celular, sentem falta de aparelhos com letras e teclados maiores que facilitem a visão.
Quando buscam locais de entretenimento, dizem não encontrar restaurantes, bares nem casas noturnas com programação voltada para o público de sua idade.
Os dados constam de um mapeamento do consumo nessa faixa etária feito pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil e pelo portal de educação financeira "Meu Bolso Feliz", em 27 capitais.
No Brasil, são 24 milhões de consumidores com mais de 60 anos, um contingente que representa 13% da população adulta, segundo dados do IBGE de 2013.
Por ano, eles movimentam R$ 402 bilhões, somados aposentadorias, pensões e rendimento do trabalho com ou sem carteira assinada, de acordo com o instituto Data Popular.
"Eles estão mais exigentes, dispostos a pagar mais caro por itens de melhor qualidade e sentem a carência de produtos e serviços. A maior parte [64%] decide sozinha o que comprar e se considera estável financeiramente", diz Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, ao ressaltar que existe um contingente que corresponde a três
vezes à população do Uruguai que não recebe a atenção que deveria do varejo, da indústria e do setor de serviços.
Entre os consumidores que enfrentam mais dificuldade na hora de comprar itens para sua idade, estão as mulheres e os que estão acima da faixa de 70 anos.
Fernando Pimentel, superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), diz que já existe no setor uma preocupação com esse público e que a oferta de itens tende a aumentar.
"As empresas começam a se segmentar em vez de olhar o consumidor como um grande mercadão. É um nicho que vai ganha uma dinâmica mais acelerada à medida que a população envelhece."
Para Maurício Morgado, professor da FGV, uma das maiores carências ainda está no atendimento. "As lojas são barulhentas, iluminadas demais ou escuras demais. Faltam nas embalagens letras maiores que simplifiquem o entendimento."
Fábio Mariano Borges, professor de comportamento do consumidor da ESPM, concorda. "O setor de serviços é exemplo da falta de cuidado com esse público", diz, ao citar atendentes de TV a cabo que frequentemente pedem ao cliente para verificar se o aparelho está conectado à tomada. "Ele só esquece que esse consumidor muitas vezes não tem condições físicas para abaixar e verificar."
Fonte: Folha de SP
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