Quais áreas da economia serão mais impactadas por tecnologias e empresas disruptivas? A pergunta que está constantemente em jogo no mundo corporativo foi respondida pelo estudo da Liga Ventures chamado de Liga Insights Emerging Technologies.
 
O levantamento mostrou a situação atual das startups no Brasil e estimou os cinco segmentos que mais impactarão o País nos próximos cinco ou dez anos. A transformação, segundo o estudo, será impulsionada pela evolução de tecnologias com potencial para criar ou transformar ambientes de negócios.
 
 
A seguir, confira a lista dos segmentos que serão mais impactados e os motivos que levaram os especialistas a acreditarem nisso:

1. Agricultura e pecuária

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O setor de agronegócio é estratégico para o Brasil há muitos anos. Só no ano passado, a agropecuária representou 5,5% de todo o PIB do País. Em 2017 o governo estima que os investimentos dos produtores na safra de 2016/2017 sejam ainda mais visíveis, atingindo margens históricas.
 
Com tanto dinheiro em jogo, os empresários deste negócio já costumam fazer altos investimentos em tecnologias de ponta. Atualmente, drones são usados para aumentar a produtividade, pulverização de fertilizantes e acompanhamento da safra, além de realizar monitoramento do campo por meio de telemetria, reduzindo os custos.
 
O futuro próximo tende a ser mais desafiador e por isso usará mais tecnologias. Segundo estimativa da ONU, será preciso aumentar a produção de alimentos em até 70% para atende de forma sustentável a demanda de crescimento de bilhões de pessoas até 2050.
Para isso, startups que criam alternativas de alta complexidade, como carnes feitas a partir de células-tronco, já aparecem no mercado e devem ganhar força nos próximos anos.
 
“Hoje já temos startups brasileiras que atuam com soluções de aumento de eficiência de processos produtivos, rastreabilidade e controle de produção, além de tentar resolver a escala de produção de alimentos”, diz Raphael Augusto startup hunter da Liga Ventures.
 
Exemplos de startups: BovControl (Brasil), BeGreen (Brasil), Plenty (Estados Unidos) e Memphis Eats (Estados Unidos).

2. Construção e Arquitetura

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Na lanterninha da lista dos setores mais digitais do mundo, a construção civil é responsável por 8% do PIB brasileiro e amarga para sair da crise. No estudo, a tecnologia é apontada como a principal aliada para a retomada do crescimento desses dois setores.
 
O uso de impressoras 3D, por exemplo, ajudará as empresas do setor a aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, além de diminuir o desperdício seja de materiais, tempo e mão de obra, fatores que impactam diretamente nos orçamentos e gastos de um projeto.
 
Uma das soluções já existentes e apontada pelo estudo são as estruturas pré-moldadas e construídas a partir de impressoras 3D que podem ser feitas de cimento e reforçadas com fibras de aços ou polímeros. Essa opção também tem a característica sustentável, por não deixar resíduos sólidos no ambiente.
 
“No Brasil a maioria das startups voltadas para esses dois setores focam na automação de construção, usando sensores de Internet das Coisas. Além disso, tecnologias de Realidade Virtual e Realidade Aumentada são usadas para facilitar os processos, aprimorando os serviços e a experiência do cliente”, diz Raphael Augusto.
 
Exemplos de startups: iTeleport (Brasil), LoopKey (Brasil), Katerra (Estados Unidos) e Housing (Índia).

3. Finanças e seguros

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As fintechs estão bombando no Brasil. Cada vez com mais adeptos, as startups que usam tecnologias aplicadas em questões financeiras caíram de vez no gosto e na confiança do brasileiro. Não à toa, o Brasil ocupou a 8ª posição do ranking feito pela Deloitte dos países que mais receberam investimentos em fintechs em 2016, cerca de US$ 160 milhões.
 
Para o estudo, as insurtechs serão as verdadeiras queridinhas dos brasileiros nos próximos meses. Com tecnologias como inteligência artificial, blockchain, computação cognitiva e Internet das Coisas o mercado de seguros será totalmente reformulado e conquistará o mercado nacional.
 
Isso já é visto em mercados considerados desenvolvidos cujas insurtechs correspondem a 10% das vendas dos seguros, o equivalente a US$ 3 bilhões em investimentos no ano passado. A principal dificuldade de aplicação de tecnologias disruptivas no setor continuará sendo a regulação dos países.
 
“As startups hoje tem muito foco na desburocratização dos processos tradicionais, abrindo a possibilidade para a criação de produtos customizados. Caberá a elas ajudar o setor a melhorar processos e diminuir riscos”, completa o executivo da Liga Ventures.
 
Exemplos de startups: OriginalMy (Brasil), Swapy (Brasil), Blockchain (Inglaterra) e DocuSign (Estados Unidos).

4. Indústria 4.0

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O novo modelo alemão de indústria ganhou tanta força que começou a ser chamado também de quarta revolução industrial. Na indústria 4.0, máquinas conversarão diretamente com máquinas o que exigirá tecnologias de ponta e trará mais produtividade e assertividade para a indústria.
 
As principais tecnologias que formam a Indústria 4.0 são os sistemas ciber-físicos, a Internet das Coisas, Internet de Serviços, impressoras 3D em metais, robótica abancada, inteligência artificial alinhada a big data entre outros.
 
Os investimentos mundiais para transformar as indústrias em espaços mais inteligentes devem atingir US$ 4,5 trilhões até em 2020. No Brasil, as indústrias ainda caminham na introdução das tecnologias em suas fábricas, mas pelo menos 48% das empresas disseram que implantam e utilizam pelo menos uma das tecnologias apontadas.
 
Exemplo de startups: Aquarela (Brasil), GoEpik (Brasil), Desktop Metal (Estados Unidos) e Sight Machine (Estados Unidos).

5. Saúde e bem-estar

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O Brasil está entre os seis países que mais investem em saúde e bem-estar no mundo, mas está bem abaixo da média mundial de competitividade quando o assunto é inovação. Os gastos em saúde já representam 8,3% do PIB brasileiro, mas a maior parte (54%) dos investimentos no setor é feita por empresas privadas.
 
Mas o estudo acredita que os investimentos em inovação devem ser impulsionados em breve devido a um colapso do sistema de saúde. Isso porque, estima-se que a taxa de envelhecimento da população brasileira triplique em 2030, mas somente 10% dos idosos terão plano de saúde privado.
 
“Teremos problemas porque o modelo de hoje não será sustentável. As startups que trazem melhorias no sistema de saúde, que procuram antever doenças e variações, mudarão totalmente a indústria da saúde e bem-estar atual”, completa Raphael Augusto.
 
Entre as tecnologias que já estão sendo usadas em hospitais brasileiros está a inteligência artificial. Com ela, aparelhos conseguem captar, interpretar e enviar automaticamente para os prontuários os sinais vitais dos pacientes, sem necessidade de intervenção humana.
 
Além disso, startups que apostam em órgãos artificiais, robôs cirúrgicos, interface cérebro-computador, imunoterapia, nanosensores, medicina regenerativa, genomas sintéticos para medicina personalizada e deep learning será o as apostas para os próximos anos.
 
Exemplos de startups: Hoobox (Brasil), Caranet (Brasil), BenevolentAI (Inglaterra) e iCarbonX (China).

Fonte: Portal no Varejo