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terça-feira, 6 de novembro de 2018

Fazer o bem e contar histórias inspiradoras – pontos de vista complementares

Web Summit traz paineis com Lisa Jackson, da Apple, e Darren Aronofsky, cineasta, que mostram o quanto a criatividade, em diversas formas pode ser saudável.



A Apple é uma das empresas mais fechadas do mundo, fiel à cultura criada pelo seu mítico idealizador, Steve Jobs. Não é comum vermos executivos da empresa fazendo apresentações em grandes eventos que não os próprios. Mas Lisa Jackson, Vice-Presidente de Iniciativas para o Ambiente, Política e Social, fez uma apresentação rápida na abertura do Web Summit 2018. Pudemos conhecer a inovação que a empresa desenvolveu para atingir objetivos ambientais ambiciosos, entre eles, conduzir suas operações com 100% de energia renovável e buscando trabalhar com fornecedores que adotem a mesma política. Lisa defende a ideia de que “empresas fazem melhor se fizerem bem”, o que, numa tradução livre, foi a ideia central de sua apresentação.
“Esse momento é de inspiração, educação e poder real. Esse evento está repleto de pensadores e nos faz pensar no que podemos mudar em tempo real. É exatamente essa inspiração que tivemos na Apple há cinco anos”. Desse modo, com voz pontuada e quase solene, Lisa Jackson iniciou sua apresentação. Em sua perspectiva, é sobre o que instituições podem fazer para provocar uma mudança positiva.
O planeta que deveremos legar para nossas crianças não pertence a ninguém, nem às nossas crianças. A Apple, segundo Lisa, apoia integralmente os acordos climáticos. E quais ações a Apple está tomando para realmente proteger o ambiente? “Antes de mais nada, não fazer nada em relação ao ambiente é ruim para os negócios. Estou aqui com uma mensagem simples: vocês, lideres, fazedores e pensadores devem saber que não tem nada de ruim em proteger nosso planeta. Gastamos mais de US$ 1 bilhão em Green bonds para apoiar projetos grandes que tragam grandes resultados”. A consequência é que todas as fábricas da Apple no mundo são completamente verdes e operam com energia limpa e renovável. E agora toda a cadeia de valor da empresa está a seguindo nesse desafio. A Apple até criou um fundo para energia limpa na China, país reconhecidamente conhecido pela poluição que gera.
Matérias-primas
“Pensamos nas matérias-primas de nosso produtos. Com o governo do Canadá conseguimos desenvolver um processo de beneficiamento do alumínio mais sustentável e mais limpo que irá ajudar toda a indústria, permitindo aumentar a capacidade de reciclagem desse metal”, declarou a executiva.
Até mesmo um robô foi desenvolvida pela empresa – Daisy – para tornar mais amigáveis e eficientes os programas de reciclagem. É o que ela chama de inovação de valor de fato. Outro programa envolve educar as novas gerações, um direito humano fundamental. Para isso, a Apple fechou uma parceria com a fundação Malala, a garota afegã que hoje defende a educação de crianças mundo afora.
Segundo Lisa, programas como esses são acessíveis para muitas empresas, cada qual com seu propósito. “Se a Apple se transformou na empresa mais valiosa do mundo, isso me traz a responsabilidade de me dedicar a causa de fazer essa inovação melhorar o mundo. Sim, é possível fazer bem, fazendo o bem pelo planeta”, defende a Vice-Presidente.
Em que mundo queremos viver? Essa é a missão que lideranças e mentes brilhantes precisam se dedicar a responder. O Web Summit é um dos fóruns onde essa reflexão acontece.
A tecnologia do Storytelling
Contar histórias é um dos hábitos mais antigos da história humana. Hoje, a tecnologia permite alcançar limites excepcionais para permitir às pessoas vivenciar histórias cada vez mais intensas e imersiva. Darren Aronofsky, um dos cineastas mais provocadores e inventivos da atualidade, autor de “Cisne Negro”, “O Lutador” e “Noé”, mostrou de que forma a tecnologia permite incrementar histórias capazes de se conectar com audiências globais.
O cineasta está envolvido agora com a Realidade Virtual, buscando formas de contar histórias na tela usando essa tecnologia. “Pensei em criar uma experiência sensorial diferente, sobre como é viver no espaço, levar essa emoção para as pessoas”, disse Aronofsky. Ele é um jogador compulsivo de games e pensa em como unir e explorar dois mundos diferentes, dois ambientes diferentes em uma história e isso só e possível usando a Realidade Virtual.
“Está claro que quando você assiste a um filme, você entra em uma jornada, acompanha a experiência do personagem. Mas na Realidade Virtual você também se transporta para a história, participa dela de fato, junto com o personagem e é isso que me desafia”.
Streaming
“As aventuras de Pi”, filme de grande sucesso de anos atrás, foi a primeira obra lançada diretamente via streaming, mostrando as possibilidades desse meio para distribuir histórias. Pensar no que a tecnologia pode fazer para o storytelling, coisas como “Avatar” ou “Mãe”, de sua autoria, aumentam as possibilidades criativas.
Segundo o cineasta, contar histórias é uma atividade traiçoeira e pensar em como a tecnologia pode ajudar a contar histórias mais humanas e como nos ensina a pensar em diferentes soluções quando se escreve, produz, interpreta e dirige, traz novos ângulos sobre como uma se constrói. “Quando vemos a cena clássica de Eisenstein, do carrinho de bebê na escadaria, da mãe chorando (de “O couraçado Potemkin”), já imagino como seria o espectador sentindo a cena, a emoção da mãe, criando maior empatia ainda com a personagem”, reflete Aronofsky.
E como seria a distribuição de um filme realizado em Realidade Virtual? Como seria o consumo de dados e a qualidade dessa película? O cineasta não quer prever o futuro, quer pensar em fazer coisas diferentes, especiais. Ele conta que quando fez Cisne Negro (Oscar de melhor atriz para Natalie Portman) teve o desafio de fazer pessoas que gostam de balé e não gostam de horror assistirem o filme junto com gente que ama horror e odeia balé. Essa é a magia do cinema: fazer pessoas verem mundos e ambientes que não conhecem.
Darren considera-se otimista com o futuro e acredita que os governos irão trabalhar para que o mundo e o futuro possam ser melhores. “Devemos acreditar no poder da ciência. As pessoas que digitam compulsivamente no Twitter podem ser as mesmas que não acreditam na mudança climática. E, no final, Twitter e estudos do clima são aplicações da ciência em benefício da humanidade”, finaliza o cineasta, mais gentil no palco do que sua obra faz parecer.
A tecnologia que capacita o cinema a explorar novos limites é a mesma que permite a Apple a criar produtos que são o cerne da revolução digital que vivemos. A tecnologia e mentes humanas trabalhando de forma conectada podem construir um futuro promissor.
Fonte: Consumidor Moderno

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