Levantamento do The Boston Consulting Group (BCG) revela que países emergentes devem movimentar cerca de US$ 4 trilhões em compras de varejo. Executivo da companhia comenta contexto brasileiro.
Pesquisa realizada pelo The Boston Consulting Group (BCG) revela que o digital influenciará na movimentação de até US$ 4 trilhões em compras de varejo em mercados emergentes até o ano de 2022. O levantamento contou com mais de 15 mil respondentes usuários de internet com o objetivo de mapear o estágio de seu desenvolvimento digital de nove países: Brasil, China, Índia, Indonésia, Quênia, Marrocos, Nigéria, Filipinas e África do Sul.
A boa notícia para o mercado brasileiro é que os usuários de internet em mercados emergentes, atualmente, superam os usuários de mercados desenvolvidos, de modo que os mercados ascendentes deverão contribuir com aproximadamente 900 milhões de novos usuários até 2022, em comparação com cerca de 80 milhões de novos navegantes dos mercados mais desenvolvidos no mundo.
Gráficos mostram a influência digital no mercados emergentes
A Consumidor Moderno conversou sobre recortes desse estudo com Daniel Azevedo, sócio do The Boston Consulting Group (BCG). O executivo comentou sobre as projeções do Brasil, um mercado em plena consolidação digital, para esse horizonte promissor que se desenha num futuro próximo. Confira:
Consumidor Moderno: Vamos focar no comportamento digital do consumidor no Brasil. Quais são os principais insights da pesquisa para a nossa realidade?
Daniel Azevedo: Esse estudo foi um dos primeiros que tenta olhar países emergentes ao longo da jornada do consumo. Há vários indicadores de mercado que avaliam a taxa de participação do e-commerce no varejo. O ecommerce no Brasil vem crescendo muito, inclusive durante a crise. O que pudemos tirar dessas reflexões é que raramente enxergamos uma tensão maior na jornada dos consumidores. Uma das principais informações que surgiram é que a participação do digital na jornada dos consumidores brasileiros está na casa dos 35%. Percebemos que as empresas estão com diálogo voltado para o e-commerce. O poder do digital para influenciar a decisão do consumidor já é muito grande. As empresas que conseguirem aproveitar dessa oportunidade e influenciar os consumidores na sua jornada completa têm chances maiores, seja por venda eletrônica ou por canal físico. O Brasil possui taxa muito próximo da China, que é 35%, enquanto na China é 39%. O Brasil tem um vasto potencial para aumentar ainda mais essa taxa de e-commerce, há um bom prognóstico para empresas que resolverem investir nessa oportunidade.
CM: Qual é o perfil do consumidor digital brasileiro? Consciente, avançado ou evoluído?
DA: O consumidor brasileiro está na etapa intermediária da avaliação que fizemos, ele está avançando. Ele já passou a fase inicial de ganhar confiança de influencia no varejo, mas ainda não chegou no potencial que percebemos que pode chegar, em níveis mais elevados. Ele está no estágio intermediário.
CM: Qual foi o caminho do Brasil para chegar nesse momento de boas projeções?
DA: É interessante ver como o Brasil chegou nesse patamar. Houve um avanço significativo de acesso à internet, temos parcela mais alta que a China nesse setor. Parte disso acabou acontecendo por conta de maior acesso a smartphones. Existe uma propensão cultural do brasileiro com o fenômeno das redes sociais e, com esse acesso mais amplo, também refletido na sua jornada de compra. O avanço já é considerável considerando o impacto na jornada do consumidor.
Ainda existe também uma barreira cultural de se sentir seguro pra fazer uma compra digital, essa insegurança ainda é relevante nesse sentido, mas estamos avançando. Já vemos investimentos de empresas tentando superar essas barreiras de logística e infraestrutura e o consumidor deve se acostumar a esse novo ciclo digital. A expectativa é que essa penetração continue crescendo no país. Para que isso aconteça, precisamos que as empresas invistam um pouco nisso. A demanda deve organicamente crescer, do outro lado é preciso de algum grau de investimento até antes da demanda pra desenvolver novas plataformas.
Se a gente olha de uma forma mais ampla, até quando pensamos no portfólio de investimento das empresas no mundo nos próximos anos, ele virá desproporcionalmente de mercados emergentes. Se você olha esses mercados com uma taxa virtual já relevante e que culturalmente aceitam o digital, como o Brasil, sem dúvida é um mercado que se mostra promissor com a digitalização do varejo nos próximos anos. É uma oportunidade bastante interessante para o Brasil captar essa parcela de comportamento digital. As empresas aproveitaram esse crescimento inclusive durante a crise como uma ferramenta relevante. As expectativas apontam uma recuperação ainda tímida por agora, mas que em médio prazo será plena. Quem conseguir capturar esse anseio digital, vai conseguir êxito nessa recuperação futura.
Fonte: Consumidor Moderno
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