86S3kuextR2S3YWJ_kx2UbklxpY

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Conheça a empresa que abriu uma loja a cada quatro horas em 2018

* Imagem reprodução
Nesse artigo gostaria de dividir com vocês um case que exemplifica o atual ritmo de transformação dos negócios e espero deixar uma única mensagem – REINVENTE-SE TODOS OS DIAS!
Para suportar essa mensagem gostaria de usar como exemplo a Luckin Coffee e a transformação do mercado de cafeterias na China.

O ALVO
Starbucks foi uma das precursoras das empresas ocidentais a se arriscar em território chinês. Entrou no país em 1999 e desde então vem desenvolvendo o próspero mercado de cafeteiras na China, país em que seus consumidores têm como principal hábito o consumo do tradicional chá chinês e não o café.

A empresa de Seattle foi uma das principais influenciadoras para o desenvolvimento do consumo de café no país, aproveitando o gigantesco mercado que estava praticamente inexplorado e com potencial de crescimento enorme até os dias de hoje.
A população chinesa consome 4,5 bilhões de xícaras de café por ano com sua população de 1,4 bilhão de habitantes. Como referência, os norte-americanos consomem 130 bilhões de xícaras com os seus 325 milhões de habitantes.
Apesar da sua presença há 20 anos no mercado local operando através do modelo de parceria com grandes grupos operadores chineses, foram nos últimos dez que a empresa acelerou seu crescimento, acompanhando o aumento da demanda e o desenvolvimento do hábito dos consumidores.
A Starbucks cresceu rápido nesse período, aumentou seu número de lojas em incríveis 26% ao ano por 10 anos consecutivos e alcançando a marca de mais de 4.000 lojas no país. A empresa não abre os números de faturamento por país, mas na região Ásia/Pacífico a rede de cafeterias lucrou USD 232 milhões em 2018.


O COMPETIDOR
A Starbucks reinou absoluta até 2017, quando ocorreu a entrada da Luckin Coffee no mercado. A empresa chinesa nasceu em outubro daquele ano com o ambicioso objetivo de se tornar líder do mercado chinês de cafeteiras em apenas três anos, ou seja, superar a Starbucks.

Mas como superar uma empresa como a Starbucks? Como ameaçar a líder global do segmento, que possui uma marca icônica e desejada pelos consumidores? Como desafiar uma empresa com acesso amplo aos recursos financeiros e humanos em escala global?
A Luckin foi fundada pela empreendedora Jenny Qian Zhiya, que atua como CEO do negócio, e pelo investidor Lu Zhengyao que é o atual chairman da companhia. O foco da empresa foi combater a Starbucks através de uma operação pensada na escala e na produtividade operacional.

Ao invés de focar em cafeterias grandes, espaçosas e em localizações premium (e caras), a Luckin optou pela estratégia de abrir operações compactas e mais eficientes operacionalmente através da tecnologia. A rede apenas aceita pedidos e pagamentos através do seu aplicativo/miniapp no Wechat – é impossível entrar em uma loja e “pedir no balcão” – a empresa se vale também de uma operação logística de última milha robusta que entrega na área de influência das lojas gratuitamente em até 30 minutos. Aliás, a Luckin Coffee tem investido cada vez mais nas dark kitchens, operações destinadas apenas a atender os pedidos do delivery.

Com localizações mais baratas, operações mais enxutas e maior eficiência operacional, a empresa tem oferecido seus cafés com preços de 20% a 30% menores que os da Starbucks.
E SIM, a empresa está comprando mercado e oferece descontos e promoções generosas aos seus clientes. Outra estratégia que foi adotada pela empresa desde a sua fundação foi o apelo ao nacionalismo como forma de ganhar a preferência dos consumidores, estratégia que foi acentuada nos últimos meses devido à guerra comercial com os EUA.
Para custear sua estratégia de expansão (lojas e market share) a rede levantou USD 200 milhões na Série A de capitalização em junho de 2018, levantou mais USD 150 milhões na Série B em abril de 2019 e, finalmente, abriu capital na bolsa norte americana Nasdaq em maio de 2019, levantando mais USD 650 milhões. O valuation da empresa tem rodado na casa de USD 4 a 5 bilhões de dólares e o preço das suas ações está no mesmo patamar da sua abertura de capital.


O RESULTADO
Os planos da empresa são no mínimo ambiciosos. Para cumprir sua meta de expansão, a companhia chegou a abrir uma loja a cada quatro horas no mercado chinês em 2018, fechando o ano com cerca de 2 mil unidades e pretende encerrar o ano de 2019 com 4.500 localizações.


A forte aceleração da empresa é evidencia pelo mapa abaixo das localizações da Starbucks versus Luckin Coffee em Shanghai.

Se o atual ritmo de expansão da empresa já impressiona, a visão de futuro da companhia é ainda mais impactante. Em maio de 2019, a empresa anunciou no seu fórum que pretendem ter 10 mil localizações até 2021!


A NOVA REGRA DO JOGO
A estratégia da Lucking é clara: expansão e crescimento exponencial dos negócios, capturando rapidamente o maket share do mercado financiados por capital de risco, comprando mercado e sacrificando a rentabilidade do negócio nos primeiros anos de vida.

Esse método já mostrou seu potencial disruptivo e foi usado com sucesso pelos atuais gigantes do mercado como AmazonAlibaba e Tencent. Mas assim como já mostrou sua faceta positiva, não são poucos os exemplos das empresas que quebraram (ou que estão com dificuldades) e que utilizaram o mesmo modus operandi, como os recentes casos da WeWork e da Forever 21.
A Luckin Coffee já busca alternativas para fazer parte do grupo das empresas que adotaram esse modelo e prosperaram, apesar do prejuízo anunciado de USD 121 milhões em 2018 (um pouco acima do esperado devido à aceleração da expansão da empresa). A Luckin tem passado os últimos meses tentando demonstrar ao mercado sua estratégia para sustentabilidade do negócio. Anunciou, por exemplo, a redução pela metade do valor do custo operacional por xícara servida e mostrou também a redução na dependência e nos custos de delivery.
Os acionistas da Luckin não esperam e não demandam da empresa lucro nos próximos anos, mas esperam sim uma manutenção do rápido crescimento e a apresentação de indicadores de sustentabilidade do negócio. Não é por acaso que o CFO da empresa anunciou recentemente que a rede espera atingir o breakeven no nível loja (sem considerar os investimentos em expansão) até o final de 2020.
Só o tempo dirá se a Luckin será vencedora ou vencida nessa jornada, mas o que já podemos afirmar é que esse tipo de estratégia de crescimento é o novo normal no atual cenário de transformação exponencial que estamos vivendo. PREPARE-SE E REINVENTE-SE TODOS OS DIAS.
Fonte: Mercado e Consumo

Nenhum comentário:

Postar um comentário