Caio Maio, CEO da Chilli Beans: "Vamos sair da crise melhor da pandemia melhor do que entramos".
Caito Maia, fundador da Chilli Beans, sonhava em ser um astro de rock. Estudou música em Berkeley, nos EUA, mas foi o que ele trouxe na bagagem que iria selar o seu sucesso ao voltar para o Brasil no final dos anos 90: alguns óculos de sol, que vendeu para amigos.
Era o embrião da Chilli Beans, hoje a terceira maior rede de óticas do país, com 900 lojas e a liderança em óculos de sol. O plano de ter uma banda profissional pode ter sido deixado de lado, mas não o de ser popstar. Hoje Caito pode ser considerado um astro do empreendedorismo — ou empresário influencer.
Está no ar em sua quarta temporada como “tubarão” do programa Shark Tank, da Sony. E acaba de estrear o seu próprio reality show no YouTube, um programa em três episódios em que ajuda empresas a reformular seus negócios, e que serve de chamariz para divulgar seu novo curso de empreendedorismo online, o Plano 3R.
— Se somar meu insta, meu face, meu CRM, e os meus canais no YouTube, dá 7 a 8 milhões de pessoas. É uma audiência brutal. E é com essa audiência que ele conta para movimentar a Chilli Live Circus, as sessões de live commerce, que ele mesmo apresenta e que a partir do ano que vem vão entrar para o calendário mensal da marca. Muito comuns na China, onde também costumam ser apresentadas pelo CEO das empresas, as transmissões ao vivo se popularizaram na pandemia.
Mas diferentemente da maioria das marcas que usam as lives para desovar estoques com promoções, na Chilli Beans o canal é usado para agregar valor. — Estou mais preocupado em contar a história do produto. Não vendo desconto — diz Caito. Para a Black Friday, na próxima sexta-feira, o empresário mantém a mesma postura. — Não quero viciar o consumidor em promoção. Claro que vamos entrar, mas teremos preços normais pois já temos preços justos.
A pandemia fez o empresário focar em rentabilidade de forma quase obsessiva. No plano de guerra para atravessar o ano difícil, a empresa cortou custos, reduziu a folha e aumentou a produtividade dos vendedores. Também mudou o foco do negócio, fortalecendo as vendas de óculos de grau. Teve funcionário paramentado de EPI entregando óculos na casa do cliente e um site novo que permite ao consumidor experimentar os modelos virtualmente. — Vamos sair desta pandemia melhor do que entramos. A empresa está mais ágil, mais produtiva, entregando mais com uma estrutura de custo menor. A rentabilidade do franqueado, que era 4% a 12%, está indo para 16%.
Foram três meses de faturamento zerado, mas desde agosto as vendas têm superado o mesmo mês do ano passado. Não o suficiente, porém, para impedir uma queda de 15% no faturamento, que deve encerrar o ano em R$ 510 milhões. Para retomar o crescimento, Caito aposta na expansão do negócio de prescrição, um mercado três vezes maior do que o de óculos de sol.
Até o ano passado, a prescrição representava 20% das vendas da Chilli Beans. Com a queda nas vendas de óculos de sol e o excesso de tela na pandemia puxando a demanda pelo óculos de grau, o segmento hoje já representa metade do negócio. São 25 lojas dedicadas à prescrição, e Caito vê espaço para mais de 400 nos próximos cinco anos. O conceito da Ótica Chilli Beans é o mesmo das lojas tradicionais, com coleções temáticas exclusivas — mas aqui inspiradas em temas mais maduros, como arquitetura e poesia — e vendedores treinados para ajudar não apenas na definição da lente, mas no estilo.
IPO
Caito, que já teve o fundo Gávea de sócio e hoje é dono com 100% do negócio, não descarta abrir o capital. Mas antes quer dobrar de tamanho, superando a marca de R$ 1 bilhão, patamar já alcançado pelos dois líderes do mercado, as óticas Carol e Diniz. — Primeiro temos que deixar a árvore crescer, depois a gente fala nisso. Daqui a uns dois anos, quem sabe, pode acontecer.
Fonte: O Globo
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