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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Plano de sucessão: a construção do legado no franchising

No dinâmico mundo dos negócios, o mercado de franquias se destaca cada vez mais na economia global, ao permitir a expansão segura através de uma rede de operações unificadas sob uma mesma marca. Mas, assim como outros modelos, o franchising também enfrenta desafios. E um dos mais sensíveis é a sucessão do franqueado.

Imagem: Shutterstock

O destino de uma franquia

Mas por que uma sucessão ocorre? Vários podem ser os motivos, entre eles, desistência, aposentadoria ou falecimento, por exemplo. No franchising, a seleção do franqueado é um dos pontos mais cruciais para a expansão, e ela é pessoal. Ou seja, o franqueador faz a análise das características daquele empresário antes de fechar o contrato, para ver se o match acontece.

Exatamente por isso, em caso de necessidade de mudança desse operador, seja qual for o motivo, manter os herdeiros operando a unidade franqueada nem sempre é a escolha mais acertada, afinal, estes podem não ter o feeling ou mesmo vontade de atuar no negócio. Então, à medida que a rede cresce, estabelecer um bom plano de sucessão, passa a ser cada vez mais necessário para garantir a continuidade, o crescimento e a sustentabilidade da marca no longo prazo.

Sucessão é muito mais que substituição

Um plano de sucessão é mais do que um roteiro para substituir líderes antigos por novos. É parte importante em um instrumento de governança que deve, de fato, apoiar na continuidade do negócio, mesmo em situações de mudança de liderança.

Um plano estruturado de sucessão funciona, de fato, como um mitigador de riscos, afinal, o afastamento ou a perda de um franqueado de forma inesperada ou não programada pode significar colocar uma unidade rentável em uma posição de desestruturação completa. Ao ter um plano, as transições entre o novo franqueado e o antigo se tornam mais suaves, além de melhorar a eficiência, pois ocorre sem criar rupturas bruscas e importantes na gestão.

O mais difícil, saber por onde começar

O primeiro passo para um plano de sucessão de franqueados eficiente é um novo olhar para o perfil do franqueado. Muitas vezes, a rede identifica ao longo do tempo novas competências necessárias aos franqueados uma vez que se o negócio evolui, as exigências quanto a quem faz a sua gestão também podem evoluir.

Definido ou reavaliado o perfil, cabe um mapeamento não apenas familiar, mas também das equipes, para identificação e o treinamento dos potenciais sucessores. E isso não se limita apenas a olhar para a família, ou para direção, pode se estender aos níveis gerenciais. Identificar talentos internos, que conhecem profundamente os valores e as operações da franquia, pode ser um divisor de águas, possibilitando uma continuidade do negócio com quem entende dele.

Além da identificação dos possíveis sucessores, a transmissão de conhecimento e de experiência é um aspecto essencial. Os planos de sucessão devem incluir estratégias para transferir conhecimentos críticos e habilidades operacionais. Isso pode ser alcançado através treinamentos de desenvolvimento de capacidades e competências, avaliações de desempenho, de documentação de processos, como manuais, e ainda mentoria, coaching e outros.

Outro elemento-chave é a manutenção da cultura da marca durante a transição, afinal, as franquias prosperam na excelência e consistência da experiência do cliente. Para isso, é crucial que os novos líderes estejam alinhados com a visão, a cultura e os propósitos da marca, garantindo que a identidade e o DNA permaneçam inalterados.

Como não poderia deixar de ser, aspectos financeiros e legais também desempenham um papel significativo na sucessão. Um bom plano de sucessão deve abordar fatores como transferência de propriedade, acordos de franquia e questões fiscais e legais desde o contrato, assegurando, assim, uma transição de acordo com as leis vigentes, sem complicações esurpresas para ambos os lados.

Acredito que a ausência de um plano bem estruturado pode resultar em transições tumultuadas, prejudicando a marca e afetando negativamente o desempenho das franquias. Sendo assim, franqueadores devem considerar seriamente a implementação de estratégias de sucessão para proteger e perpetuar seu legado, sem esquecer seu papel formador da cultura na rede.

Olhando para o futuro, os planos bem-sucedidos não só sustentarão as marcas existentes, mas também vão inspirar confiança em potenciais franqueados e investidores, fortalecendo todo o mercado do franchising.

Caroline Bittencourt é sócia-diretora de Relacionamento e Experiência do Grupo Bittencourt.

*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Fonte: Mercado & Consumo

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