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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Nas lojas dos times de futebol, camisas, DVDs e até geladeira

Grandes varejistas se associam a clubes e vendem seus produtos para os torcedores em lojas exclusivas

Os torcedores do Flamengo, Internacional e São Paulo que acessarem a loja virtual do seu time vão encontrar ofertas inusitadas. Ao lado da camisa e do DVD do clube, há também anúncios de geladeira, celular e até colchão. Nenhum deles vem estampado com o brasão do time. Os produtos fazem parte do catálogo de grandes varejistas brasileiras, que lançaram lojas dentro do site dos clubes na tentativa de vender para seus torcedores.
À primeira vista, a venda de eletrodomésticos e eletrônicos no site de clubes de futebol parece não fazer sentido. Mas, para especialistas em varejo e marketing esportivo, essas parcerias vieram para ficar e devem ganhar fôlego no Brasil.
"Faz muito sentido. As empresas usam a base de torcedores para captar clientes e os clubes recebem receitas adicionais", afirma Amir Somoggi, diretor da área de consultoria esportiva da BDO RCS. A estimativa da consultoria é que entre 100 milhões e 110 milhões de pessoas no Brasil torçam por algum time de futebol - mais da metade da população do País.
Até onde se tem notícia, iniciativas como essas, de venda de eletrodomésticos em lojas de times, só existem no Brasil. Em dezembro do ano passado, a Compra Fácil saiu na frente e lançou a loja do Flamengo. De lá para cá, procurou a maioria dos grandes times. Dessa prospecção, nasceu, em agosto, a aliança com o Internacional. Outros dois contratos devem ser anunciados até o fim do ano. "A parceria com os clubes é uma grande oportunidade. Ela alia o amor pelo time, com crescimento do e-commerce no Brasil e as necessidades de compra do torcedor", diz Luis Fernando Miller, diretor comercial da Compra Fácil.
A empresa não está sozinha. A Ricardo Eletro, do grupo Máquina de Vendas, o segundo maior do varejo brasileiro, também está no páreo. Desde março, vende em uma loja feita exclusivamente para torcedores do São Paulo, batizada de Tricolor Eletro. Depois de procurar vários grandes times, pretende anunciar duas parcerias até o fim do ano, segundo o diretor de e-commerce do grupo, Marcelo Ribeiro.
Desde o começo do ano, Compra Fácil e a Ricardo Eletro vem promovendo uma verdadeira corrida para negociar com os times. As empresas não divulgam os detalhes dos acordos, nem as receitas das lojas. A projeção é que a loja do São Paulo mais que dobre sua receita em 2012 e, os sites do Flamengo e do Internacional vendam entre 60% e 80% mais. No ano que vem, o varejo online deve crescer em torno de 20%, segundo estimativas da consultoria e-bit.
Estratégia. Apesar de disputarem os mesmos parceiros, Compra Fácil e Ricardo Eletro têm estratégias distintas. A segunda só vende produtos de seu portfólio, enquanto a primeira comercializa também os produtos licenciados com a marca dos times.
A definição do modelo envolve mais do que questões de distribuição e logística. Entrar no segmento de produtos licenciados no ramo esportivo significa competir com a Netshoes, líder no mercado brasileiro.
A Netshoes fechou seu primeiro contrato para venda de peças licenciadas em 2008, com o Corinthians. Em parceria com a agência de marketing esportivo ESM, lançou sete lojas de times brasileiros e colocará no ar o portal do argentino River Plate em 2012, seu primeiro contrato com um clube estrangeiro. "Queremos ser o melhor e-commerce para produtos esportivos. Se os times quiserem usar as marcas para vender outros produtos, não somos os parceiros para esse negócio", diz Roni Bueno, diretor de marketing da Netshoes, para quem a entrada dos varejistas não representa uma concorrência direta.
Foi justamente o desejo de ampliar o portfólio que fez o Flamengo e o Internacional encerrarem a parceria com a Netshoes e acertarem com a Compra Fácil. "Escolhemos esse modelo para não dividir a audiência em duas lojas e aumentar o ticket médio", diz Rafael Saling, gerente de marketing do Internacional. A loja do time fatura R$ 300 mil por mês e cerca de 75% das vendas vem de produtos com a marca do clube. Para o Flamengo, a mudança significou, por enquanto, queda na receita.
Embora o amor pelo futebol seja grande, o sucesso não é automático. Segundo os varejistas, é preciso desenhar uma estratégica de marketing específica para cada torcida. "Ninguém vai comprar uma geladeira só para ajudar o time, mas se o torcedor precisar do produto pode priorizar o espaço para favorecer o clube", diz o consultor Somoggi.

Fonte: O Estadão

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