Ter uma economia estável, atravessar crises mundiais sem grandes turbulências e manter ritmo sólido de crescimento é tranquilizador, mas apresenta seus riscos e desafios. Tem-se falado cada vez mais em um apagão de talentos no mercado brasileiro. Está aí uma grande ameaça à sustentação desse momento positivo econômico.
Muitos podem pensar que esse tipo de desafio é exclusividade de países emergentes, sem foco e investimento em qualificação profissional. Engano! Em recente viagem ao Canadá, tive a oportunidade de conhecer situação parecida, porém presente em um país com alta taxa de escolaridade e qualificação de sua população. Nesse caso, a ameaça é provocada por baixas taxas de crescimento populacional (5,4% entre 2001 e 2006). Com a população envelhecendo rápido e desafiando o alto grau de crescimento estável da economia e dos benefícios sociais oferecidos à população, é preciso aumentar a “produção de gente produtiva”.
Para vencer o desafio, o país do hemisfério norte amplia suas fronteiras e vai buscar gente nos quatro cantos do mundo. Atualmente, quase 20% da população canadense, de 31.241.030 pessoas, é formada por imigrantes (brasileiros são em torno de 100 mil). Capazes de reverter o cenário dos indicadores populacionais de forma inorgânica ao imigrar, essas pessoas são, na maioria das vezes, participantes de programas de imigração qualificada. Baterias de testes garantem que os candidatos mereçam uma oportunidade de viver no país que oferece um dos mais altos graus de desenvolvimento social e qualidade de vida.
Como se não bastasse trazer gente com capacidade produtiva imediata, o governo canadense financia instituições de qualificação do pessoal e garante estágio para que ganhem experiência de trabalho na Terra Nova, além de oferecer orientações sobre prospecção de mercado de trabalho para agilizar a conquista de um emprego formal e “ideal”.
As empresas canadenses também fazem sua parte. Desenvolvem completos programas de integração e oferecem intensos programas de desenvolvimento de carreira para disputar os profissionais que chegam ao país já com “qualificação mínima”, que garante a entrada legal e visto de residente permanente.
Enquanto vemos nossos colegas de estabilidade com falta de gente, encontramos uma situação antagônica em nosso país. Gente tem! Falta é qualificação. Falta é gente boa. Gente preparada para crescer junto com as empresas!
Se não podemos contar com os programas governamentais brasileiros de qualificação de mão de obra, podemos e devemos mirar no exemplo das empresas privadas canadenses. Talvez essa seja a saída para garantir maior e melhor aproveitamento de nossa base de mão de obra pouco qualificada e de baixa escolaridade. Talvez consigamos até competir com o Canadá e reter nossos qualificados profissionais. Afinal, se todos desejam ter sucesso, deve ser melhor alcançar esse objetivo num país tropical e abençoado por Deus, em vez de conseguir o êxito congelando em temperaturas abaixo de vinte graus negativos.
O varejo brasileiro apresenta um desafio adicional. A tradicional cultura de informalidade e amadorismos torna a atratividade das empresas desse setor ainda menor. O cargo de vendedor de loja parece ser uma posição temporária para quem está aguardando um concurso público ou a aceleração do setor industrial para conquistar uma oportunidade em outros segmentos da economia, que aparentemente sempre apresentaram mais chances de sucesso profissional e financeiro. Falácia!
O varejo sempre ofereceu oportunidade para quem decidiu fazer carreira ali. Assim como outros setores, também sempre pôde prover crescimento e estabilidade para os profissionais criarem suas famílias e alcançarem dignidade como profissionais e cidadãos. Por que a fama de emprego desqualificado? A resposta pode estar na tradicional falta de “autorresponsabilização” que as empresas desse segmento tiveram com a qualificação de seu pessoal. O setor industrial brasileiro sempre teve maior reconhecimento pela capacitação e desenvolvimento de seus colaboradores. Talvez a cultura das matrizes internacionais, igual ao exemplo canadense, tenha promovido mais visibilidade e consequente atratividade para aqueles que buscam um trabalho promissor.
Para concluir:
* O mercado de mão de obra brasileiro apresenta baixa qualificação de sua oferta;
* O Brasil cresce aceleradamente e teremos um apagão de talentos;
* O varejo brasileiro tem desafios maiores de atratividade do que outros setores;
* A disputa pelos talentos se tornou internacional (agora disputamos os qualificados com países importadores e de alta atratividade de gente boa e trabalhadora);
* Programas de formação e desenvolvimento de talentos estruturados atraem candidatos a sucesso.
O que você está fazendo hoje? Se já tem talentos, sinta-se intimado a desenvolvê-los e retê-los. Se não tem talentos, sinta-se ameaçado e trate de criá-los! Lembre-se: Quem tem, tem. Quem não tem, cria!
Fonte: Guilherme Baldacci (guilherme@gsmd.com.br), sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza
Muitos podem pensar que esse tipo de desafio é exclusividade de países emergentes, sem foco e investimento em qualificação profissional. Engano! Em recente viagem ao Canadá, tive a oportunidade de conhecer situação parecida, porém presente em um país com alta taxa de escolaridade e qualificação de sua população. Nesse caso, a ameaça é provocada por baixas taxas de crescimento populacional (5,4% entre 2001 e 2006). Com a população envelhecendo rápido e desafiando o alto grau de crescimento estável da economia e dos benefícios sociais oferecidos à população, é preciso aumentar a “produção de gente produtiva”.
Para vencer o desafio, o país do hemisfério norte amplia suas fronteiras e vai buscar gente nos quatro cantos do mundo. Atualmente, quase 20% da população canadense, de 31.241.030 pessoas, é formada por imigrantes (brasileiros são em torno de 100 mil). Capazes de reverter o cenário dos indicadores populacionais de forma inorgânica ao imigrar, essas pessoas são, na maioria das vezes, participantes de programas de imigração qualificada. Baterias de testes garantem que os candidatos mereçam uma oportunidade de viver no país que oferece um dos mais altos graus de desenvolvimento social e qualidade de vida.
Como se não bastasse trazer gente com capacidade produtiva imediata, o governo canadense financia instituições de qualificação do pessoal e garante estágio para que ganhem experiência de trabalho na Terra Nova, além de oferecer orientações sobre prospecção de mercado de trabalho para agilizar a conquista de um emprego formal e “ideal”.
As empresas canadenses também fazem sua parte. Desenvolvem completos programas de integração e oferecem intensos programas de desenvolvimento de carreira para disputar os profissionais que chegam ao país já com “qualificação mínima”, que garante a entrada legal e visto de residente permanente.
Enquanto vemos nossos colegas de estabilidade com falta de gente, encontramos uma situação antagônica em nosso país. Gente tem! Falta é qualificação. Falta é gente boa. Gente preparada para crescer junto com as empresas!
Se não podemos contar com os programas governamentais brasileiros de qualificação de mão de obra, podemos e devemos mirar no exemplo das empresas privadas canadenses. Talvez essa seja a saída para garantir maior e melhor aproveitamento de nossa base de mão de obra pouco qualificada e de baixa escolaridade. Talvez consigamos até competir com o Canadá e reter nossos qualificados profissionais. Afinal, se todos desejam ter sucesso, deve ser melhor alcançar esse objetivo num país tropical e abençoado por Deus, em vez de conseguir o êxito congelando em temperaturas abaixo de vinte graus negativos.
O varejo brasileiro apresenta um desafio adicional. A tradicional cultura de informalidade e amadorismos torna a atratividade das empresas desse setor ainda menor. O cargo de vendedor de loja parece ser uma posição temporária para quem está aguardando um concurso público ou a aceleração do setor industrial para conquistar uma oportunidade em outros segmentos da economia, que aparentemente sempre apresentaram mais chances de sucesso profissional e financeiro. Falácia!
O varejo sempre ofereceu oportunidade para quem decidiu fazer carreira ali. Assim como outros setores, também sempre pôde prover crescimento e estabilidade para os profissionais criarem suas famílias e alcançarem dignidade como profissionais e cidadãos. Por que a fama de emprego desqualificado? A resposta pode estar na tradicional falta de “autorresponsabilização” que as empresas desse segmento tiveram com a qualificação de seu pessoal. O setor industrial brasileiro sempre teve maior reconhecimento pela capacitação e desenvolvimento de seus colaboradores. Talvez a cultura das matrizes internacionais, igual ao exemplo canadense, tenha promovido mais visibilidade e consequente atratividade para aqueles que buscam um trabalho promissor.
Para concluir:
* O mercado de mão de obra brasileiro apresenta baixa qualificação de sua oferta;
* O Brasil cresce aceleradamente e teremos um apagão de talentos;
* O varejo brasileiro tem desafios maiores de atratividade do que outros setores;
* A disputa pelos talentos se tornou internacional (agora disputamos os qualificados com países importadores e de alta atratividade de gente boa e trabalhadora);
* Programas de formação e desenvolvimento de talentos estruturados atraem candidatos a sucesso.
O que você está fazendo hoje? Se já tem talentos, sinta-se intimado a desenvolvê-los e retê-los. Se não tem talentos, sinta-se ameaçado e trate de criá-los! Lembre-se: Quem tem, tem. Quem não tem, cria!
Fonte: Guilherme Baldacci (guilherme@gsmd.com.br), sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza
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