Marcas de luxo estrangeiras, que
vão inaugurar as suas primeiras lojas no Brasil no shopping JK Iguatemi, em São
Paulo, só devem abrir os seus pontos neste segundo semestre. A necessidade de
obedecer um calendário de aberturas internacionais - determinado pelas matrizes
- explica o descasamento das datas. Problemas ligados a dificuldade na liberação
de produtos importados, por conta da operação Maré Vermelha, da Polícia Federal,
também teriam afetado algumas grifes, segundo apurou o Valor com uma varejista.
Entre as empresas que permanecem
com as lojas fechadas, há pelo menos 12 grifes de moda, acessórios ou
cosméticos. O shopping foi aberto em 22 de junho.
Entre as estrangeiras com a
primeira loja no Brasil estão, por exemplo, Chanel, Miu Miu, Prada, Gucci,
Rapsódia, Sephora, além de outras que já atuam no Brasil, como Adidas e Scarf
me, que mantém os tapumes nas portas. No portfólio do JK, há 22 marcas com as
suas primeiras lojas no Brasil localizadas no shopping. Ou seja, um terço delas
não abriu até o momento. O JK informa que já tinha conhecimento do calendário de
inauguração das grifes.
Procuradas, Gucci e Christian
Louboutin (essa já tem lojas no país) informaram que não se programaram para
abrir as unidades junto com o shopping. Elas estão seguindo um calendário de
inaugurações mundiais. A Gucci prevê abertura para 21 de julho, e Louboutin para
outubro ou novembro - até cinco meses após a abertura oficial do JK. Miu Miu e
Prada tem a expectativa de inaugurar os pontos no segundo semestre e o
cronograma de obras das duas lojas está sendo cumprido, informam.
A Chanel não se manifestou sobre o
assunto. A Sephora informou que decidiu abrir a loja apenas após a inauguração
do JK - a abertura será em 13 de julho. Portanto, quase três meses depois da
data inicial prevista de abertura do JK, em 19 de abril. Por adiamentos ligados
à questões legais, o JK foi inaugurado no mês passado.
Negociações entre novos shoppings
e lojistas sobre as datas de inauguração dos pontos são comuns. Em certos
contratos, não é cobrado aluguel pelo espaço até o início do funcionamento da
loja. Muitas vezes, o empreendimento aceita isso porque busca parceiros novos e
ganha com a entrada dessas marcas em seu portfólio.
Segundo um executivo de uma
gestora de shoppings, cerca de 20% a 30% dos pontos de novos empreendimentos
hoje não são abertos de forma concomitante com o shopping. "Há uns cinco anos,
essa taxa era de 10%, 15%. Hoje ela dobra porque há um volume grande de
inaugurações de empreendimentos ao mesmo tempo", conta.
Mas essa explicação pode ser
entendida no contexto de redes de varejo que operam em grandes escalas, e
portanto, lidam com diversas aberturas simultâneas. Não é o caso dessas marcas
estrangeiras.
Na avaliação de especialistas da
área, há outra questão em jogo. "Não abrir agora pode ser estratégico. A loja
atrasa e decide fazer, sozinha, bastante barulho quando for abrir para valer. Se
o adiamento for bem trabalhado, e não gerar mídia negativa, ela ganha duas
vezes: quando o shopping inaugura, e há repercussão natural, e quando ela faz a
própria abertura", diz uma fonte de uma construtora de pontos comerciais para
lojas.
Isso aconteceu ao mesmo tempo em
que grupos de lojistas chegaram a discutir internamente a hipótese de acionar o
JK Iguatemi na Justiça por conta do atraso na abertura do empreendimento. O
próprio JK chegou a considerar esse risco internamente e manteve relação próxima
com as lojas para informá-las da situação.
Fonte: Valor Online
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