Joint venture franco-brasileira quer trabalhar para grandes redes varejistas nacionais e desenvolver marcas para o mercado internacional
Aliar “art de vivre” à simplicidade. Essa é a filosofia de trabalho da Saguez & Partners, agência francesa de design que agora desembarca no Brasil fruto de uma joint venture com a brasileira Criacittá, especializada em ambiente de marca. A nova empresa, Saguez & Rocha, mira o bom momento da economia brasileira e as grandes redes varejistas e prevê faturar R$ 50 milhões em cinco anos.
A empresa francobrasileira irá combinar o olhar europeu e a experiência global da Saguez (30% do faturamento tem origem internacional, com representação na Europa e na Ásia), à inteligência local da Criacittá. Segundo Nelson Rocha, diretor-geral da Criacittá, “muitos projetos pecam ao integrar a comunicação ao ambiente de loja. Comunicação não é só publicidade, é consistência da marca”.
Em vez de ir para os Estados Unidos, Olivier Saguez optou pelo Brasil, pois detectou a pouca presença de escritórios internacionais de identidade de marca e arquitetura. Seu desafio é desenvolver marcas a partir do histórico, da identidade e da percepção. O foco é o mundo. “Vemos no mercado brasileiro grande potencial para desenvolver marcas de apelo internacional”, comenta.
Coerência é uma palavra forte para esse francês. Cada projeto para varejo, do mais luxuoso ao mais popular, traz a dualidade entre sensato (razão) e sensível (emoção). Razão engloba posicionamento, percurso do cliente dentro do ambiente, informação e conforto da compra; já emoção, compreende o despertar de emoções, experiência, originalidade e personalidade da marca. O designer faz questão dessa dualidade. Para ele, a loja é a casa da marca. É lugar de acolhimento, conforto, e também onde a marca se expressa em seu melhor estado. “Queremos evocar a mesma sensação de quando alguém visita um amigo querido”, revela.
Para ele, o celular se tornou a maior loja do mundo, e esse é apenas mais um argumento para fortalecer a presença física de uma marca. “No futuro, vejo menos lojas, mas lojas mais marcantes. Precisamos de algo que cative”, defende.
SIMPLICIDADE QUE FUNCIONA
O Chez Jean, do Grupo Casino, é uma rede de lojas de conveniência ao estilo francês. Urbanas, as lojas, a exemplo dos bistrôs parisienses, se estendem pela calçada onde se destacam suas cadeiras multicoloridas – para a Saguez, uma forma barata de se posicionar. A faceta contemporânea está presente em toda comunicação visual, cores e simplicidade de design.
COISA DE MACHO
A loja parisiense BHV, do Grupo Lafayette, é considerada a loja de departamento do homem. Lá tudo que ele precisa e gosta, de roupas e acessórios, artigos esportivos a ferramentas. O destaque vai para a forma como os produtos são apresentados, como os cintos expostos em sacos de pancada.
UM BANCO DIFERENTE
Poderia ser qualquer coisa, menos um banco. Pois é justamente o que ele é. Bem pertinho da brilhante Champs Elysées está o banco imobiliário Foncier Home, do Grupo Crédit Foncier. Entre os ambientes, destaque para a área reservada para as crianças, cafeteria, minibiblioteca, e banheiros musicados. Sim, musicados. Ao entrar na cabine, pode-se escolher numa tela sensível ao toque diversas opções entre The Doors e Norah Jones para escutar durante a permanência ali.
O Foncier Home pode ser considerado o primeiro megastore imobiliário do mundo. Lá o cliente pode escolher o imóvel que procura – telas exibem as ofertas, desde um pequeno apartamento de € 280 mil a um loft bacana de € 2,8 milhões–, e contar com um corretor de plantão, que acompanha o futuro comprador ao local. Há também conselheiros financeiros e arquitetos para ajudar com ideias para a nova casa.
VÓ MODERNETE
A avó do dono da boulangerie e pâtisserie Josephine era uma cozinheira de mão cheia. Inspirada nela, o visual do pequeno restaurante contrapõe o novo ao antigo com peças que não faltariam a uma cozinha da década de 20. O cardápio não tem rebuscamento, a ordem é servir o que se poderia comer em casa. Já as sobremesas...
ADEUS, PARIS: ÚLTIMAS COMPRINHAS
Seria mais um anúncio de expansão em aeroportos não fosse a nova ala do Aéroports de Paris, no demandado Charles de Gaulle, inaugurada em julho e com capacidade para 7,8 milhões de pessoas, reunir uma seleção de grifes cintilantes como Prada, Fauchon, Cartier, Rolex, Marc Jacobs entre outras, além de um SPA.
O saguão de embarque reúne referências à cidade luz, como painéis luminosos que reproduzem em bolhas de água símbolos da cidade, desenhos no piso de mármore em alusão às ruas parisienses, peças de design como cadeiras e poltronas assinadas e as fachadas com os tradicionais toldos das lojas parisienses. Não faltaram nem as peculiares boulangerie e patisserie, devidamente ambientadas com alegorias da cidade.
O novo prédio consumiu € 580 milhões em investimento. É lá que está a maior área VIP em aeroportos já construída no mundo – são três mil metros quadrados de lounge − projetado pela Air France.
REVIGORANDO UMA TRADIÇÃO
A Yves Rocher foi a primeira loja de cosméticos da França, isso em 1959. Sempre cultivou e fabricou seus produtos. De uns anos para cá, a marca vinha perdendo glamour – por mais que sua presença no mundo não arrefecesse, possui quatro mil lojas em oito países. A Saguez teve como desafio revitalizar a marca, realçando seu diferencial de cosmético biológico e tornando isso mais palpável nos ambientes de compra. As lojas – incluindo a da Champs Elysées – evocam, em detalhes da arquitetura, a botânica e o cultivo, cerne da história da marca. Telas transmitem a colheita nas fazendas na Bretanha em tempo real. Completa o ciclo de fortalecimento da marca o eco-hotel e SPA, cercado por hortas e jardins, que oferecem uma completa experiência com a marca.
A LOJA PARA A CASA PARISIENSE
Para facilitar a vida da parisiense, o projeto organizou a Maison conforme as necessidades de uma casa, por cômodo. Assim, um andar está dedicado ao quarto, outro à cozinha, ao banheiro, à sala... A Saguez também auxiliou a Maison na escolha e adequação do mix, e posteriormente ao posicionamento de cada marca e categoria pelos andares. É dela também a criação da embalagem para a marca própria. “Os produtos de marca própria representam 20% do faturamento da loja”, revela Cécile Poujade, sócia-diretora da Saguez & Partners.
O VELHO NOVO
Perto do Castelo de Versailles está o primeiro shopping da França, o Parly 2, erguido na década de 60. Recentemente passou por repaginação, e Saguez optou por modernizar o espaço sem romper com o antigo conceito, numa homenagem aos anos 60. O teto antigo danificado foi coberto com cabochões de folha de ouro; decoração conta ainda com lustre de artista renomado e cadeiras de € 7 mil cada.
Fonte: Portal no Varejo
Fonte: Portal no Varejo
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