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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Amigo ensina receita de cookie e brasileiro fica milionário

Mr. Cheney, rede de franquias com produtos tipicamente norte-americanos, cresce 120% ao ano e faz sucesso entre brasileiros

Como diz a Canção das Américas: “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. E para Lindolfo Paiva, de 49 anos, essa frase tem um significado ainda maior. Mórmon, Lindolfo estava em missão voluntária no Sul do Brasil, aos 19 anos, quando conheceu o norte-americano Jay Cheney, que lhe apresentou a receita dos famosos cookies e que, futuramente, lhe renderia uma rede de franquias que hoje fatura R$ 5 milhões ao ano.

Na época, os dois jovens viraram amigos enquanto atuavam como missionários no Rio Grande do Sul e, alguns anos depois, Jay volto ao Brasil para visitá-lo. Trabalhando nos Estados Unidos como gerente de uma loja de cookies, o norte-americano ensinou Lindolfo e sua mulher como fazer o biscoito tradicional do país. “Eu, como sempre tive um espírito empreendedor, sonhava montar uma doceria americana, com produtos de lá. Como na missão [religiosa] se convive muito com americanos, a gente comia muitos desses produtos. E eu vi que era uma oportunidade no Brasil. Aí ele ensinou a gente como se fazia o cookie”, lembra o brasileiro.

Enquanto Lindolfo trabalhava como consultor de gestão empresarial, ele e sua mulher também começaram a fazer os cookies para vender para a família e amigos mais próximos. Os elogios eram tantos e o sucesso foi tão grande, que os dois começaram a concretizar o sonho de montar a doceria. “Depois que começamos a fazer essas vendas para amigos que percebemos que esse tipo de negócio tinha um potencial grande no Brasil. Então, eu e minha esposa fomos para os EUA. Trabalhamos um pouco com isso lá, para aprimorar bem a receita do cookie. Isso foi em 1999 e 2000. Abrimos a primeira loja em 2005”, conta ele.

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O casal chegou a convidar Jay Cheney para participar do negócio como sócio, mas ao saber da burocracia brasileira para a abertura de empresas e das leis trabalhistas do País, o norte-americano desistiu e deixou que Lindolfo seguisse em carreira solo. O casal de brasileiros, então, nomeou a loja como “Mr. Cheney” (do inglês, Senhor Cheney). “Dei o nome dele em homenagem a todo apoio que ele me deu. Até de madrugada ele estava dando orientação, já veio para o Brasil fazer reciclagem dos nossos funcionários, peneirar as receitas. Ele sempre me ajudou e gosta muito do Brasil”, lembra o empreendedor.

A primeira loja do Mr. Cheney foi aberta em frente ao Centro de Treinamento Missionário do Brasil, na Casa Verde, bairro na zona norte de São Paulo. Desta forma, muitos norte-americanos visitavam a loja e davam opiniões e sugestões sobre os produtos à venda, que além de cookies, também incluem outros produtos tradicionais dos EUA, como o cinnamon roll, espécie de pão doce de canela, e as panquecas que levam uma espécie de mel na receita.

Lindolfo fez um MBA em Gestão de Franquias e começou a estudar o segmento no Brasil. Em 2008, abriu algumas unidades-piloto para colher informações de mercado e, quatro anos depois, lançou a loja no Shopping Eldorado (em São Paulo), já com um novo conceito, logo e bem estruturada.

Hoje, o Mr. Cheney conta com 25 lojas franqueadas e 5 próprias em diversas regiões do Brasil. Em 2013, a rede alcançou um faturamento de R$ 5 milhões e a expectativa é que, neste ano, a marca chegue a R$ 12 milhões.

Planos para América Latina e EUA

De acordo com o empreendedor, em um primeiro momento, a estratégia de expansão da Mr. Cheney é de crescer e se estabelecer no Brasil, mas não está descartada a possibilidade de abrir unidades em países da América Latina e, inclusive, nos EUA.

Receita da vovó

“Até conversamos com o presidente da associação de franquias americanas, mas estamos tentando primeiro nos estabelecermos aqui, então ficará para um outro momento. Lá é um mercado que realmente tem muita concorrência, mas não tem a barreira da cultura. O cookie, lá fora, é como o pão de queijo no Brasil. Qualquer reunião de família, de escola, negócios e de faculdade tem”, comenta.

Para se solidificar por aqui e não correr o risco de ser uma moda momentânea, como foram as temakerias e iogurterias, Lindolfo aposta na qualidade dos produtos. “O nosso conceito é ter os produtos originais norte-americanos. Então, a gente faz aquele produto caseiro que era o da vovózinha lá dos EUA. É isso o que procuramos trazer para os brasileiros, aquilo que a gente só vai encontrar lá”, diz.

Com tanto sucesso, é impossível não se perguntar se Jay Cheney não se arrepende de ter desistido do negócio. Segundo Lindolfo, no entanto, o norte-americano está feliz com o sucesso do amigo.

“Ele é uma pessoa muito tranquila, que prefere ver o nosso sucesso, dar o apoio e sentir realização através disso em vez de realmente montar um outro negócio. Ele está bem satisfeito e torce por nós. Agora, ele fala que a gente tem de pagar uma passagem para ele vir aqui no Brasil ver as inaugurações”, brinca.
 
Fonte: Varejista

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