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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

COM MODA POPULAR, MARISA VÊ 2021 MELHOR

Além do apelo do preço, maior número de lojas de rua na crise pode ter beneficiado, mas analistas são cautelosos.

Varejista de moda de capital aberto com apelo mais popular, a Marisa diz ter se beneficiado, após início da pandemia, do maior número de lojas de rua do que suas rivais e de um posicionamento de preço mais combativo. Apesar de ser menos digital que as concorrentes, a Marisa entende que esses aspectos são uma vantagem num momento em que o varejo de vestuário tenta retomar as vendas.

Ontem, a ação da empresa fechou em alta de 8,41%, a R$ 8,51, a maior valorização do dia do Icon, o índice de consumo da B3. Segundo o presidente Marcelo Pimentel, a empresa viu um fortalecimento do canal de loja de rua na crise. “A moda acessível e a loja em rua têm sido alavancas importantes neste momento […]. Estamos bastante otimistas, o movimento em loja tem sido retomado e estamos conseguindo tirar o melhor do cliente quando ele vem para a loja”.


Analistas disseram ontem em relatórios que os números mostram piora de abril a maio, por causa das lojas fechadas. Mas houve uma recuperação gradual após junho. Eles reforçam, porém, que o fim do auxílio emergencial deve impactar na renda dessa classe C em 2021, e um cenário ainda volátil pode afetar a retomada da Marisa no curto prazo.


Segundo a rede, lojas de rua têm registrado vendas 10% superiores às de pontos em shoppings – metade das 353 unidades do grupo está nessas áreas e a outra metade, nos shoppings. Para efeito de comparação, mais de 90% das unidades da Renner e mais de 80% na C&A estão em shoppings.

Sobre esses dois aspectos citados por Pimentel (localização dos pontos e política de precificação), os números do segundo trimestre já publicados pelas cadeias de moda (C&A, Riachuelo e Marisa) mostram que redes com maior número de pontos nas ruas podem ter tido impacto positivo nas vendas.


Mas o alto volume de promoções do mercado em geral, na corrida para desovar estoques após abril, pode ter sido favorável também a outras redes.


No segundo trimestre, as vendas na Marisa representaram 65% do apurado um ano antes, com 50% do tempo de funcionamento normal.

Na C&A, voltada para o público B e C, a taxa estava menor, em 60% da venda de mercadorias. Na Riachuelo, também focada nas camadas B e C, e que acelerou promoções no período, o índice no segundo trimestre superou ambas, atingindo 75% – a taxa mais alta entre todas as cadeias até agora. A Renner, com foco nas classes A e B e muitos pontos em shoppings, vai publicar o seu balanço no dia 31.


Ainda segundo o balanço da Marisa, as vendas “mesmas lojas” (pontos com mais de um ano) estavam 11,5% abaixo do apurado um ano atrás, e em junho, a queda era maior, de cerca de 25%. Considerando apenas as lojas físicas, a queda de 39% em junho diminui para 24% em julho.

Um aspecto mais negativo para a Marisa, na visão de analistas, é sua menor participação do on-line nas vendas, apesar do avanço desse negócio no ano – ficou em 42% das vendas totais de abril a junho. Na Riachuelo, foi de 46% no mesmo período e na C&A, de 50%.

Para tentar reduzir essa diferença, a empresa acelerou projetos internos na área após abril (lançou “hotsite” de lingerie e fechou acordos com novos “marketplaces” – shoppings virtuais). As vendas no digital cresceram 113,1%.


Nas últimas semanas, C&A e Riachuelo disseram que aceleraram ações promocionais em loja e sites, e isso deve se manter até o início do quarto trimestre. A Marisa vem num movimento semelhante, mas deve reduzir a intensidade das ofertas porque já fez uma redução de 30% dos estoques desde abril.


Nesse cenário, a companhia projeta uma retomada da lucratividade no quarto trimestre e em 2021, disse o CEO.

Segundo dados publicados na segunda-feira, a Marisa teve prejuízo de R$ 171,7 milhões no segundo trimestre, alta de 507,1%. A receita líquida caiu 60%, para R$ 277 milhões. Para efeito de comparação, a receita da Riachuelo caiu 70% e na C&A recuou 77%.

 

Fonte: Valor Econômico

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