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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Implicações dos criptoativos para o futuro do varejo

É difícil precisar qual é e qual será o impacto das criptomoedas para o varejo. Mas há indícios importantes de que trazem imenso potencial disruptivo.


Durante a CES 2023, em meio a deslumbrantes inovações em dispositivos, robôs com notável capacidade de movimento, Inteligências Artificiais e telas cada vez mais imersivas, para motivar experiências no nascente Metaverso, uma tecnologia ainda intangível e pouco compreendida ganhou especial atenção: criptoativos e seus correlatos, NFTs, carteiras digitais e stablecoins (moedas com garantia fiduciária, atreladas a ativos como dólar, euro ou ouro).

Já não é possível ignorar a diversificação de negócios e oportunidades girando em torno dos criptoativos. É importante entender essa tecnologia a partir de um contexto amplo, no qual várias forças transformadoras atuam para estabelecer um novo padrão de uso, investimento e sentido para ativos financeiros e uso do dinheiro.

  • Desconfiança e questionamento das políticas monetárias de Bancos Centrais e Sistemas Financeiros globais;
  • Desejo de descentralização da custódia do dinheiro e experimentação de novos elementos que compõem o valor dos ativos;
  • Busca por empoderamento dos usuários do dinheiro para reduzir a assimetria diante dos agentes clássicos desistiam financeiro;
  • omportamento mais digital dos consumidores, principalmente da Geração Z, o que motiva mais adoção de ativos digitais;
  • Maior volume de interações e alternativas nos ambientes digitais – Metaverso – que se tornam canais distintos e peculiares de exploração comercial, criando ofertas e demanda por criptoativos e produtos digitais certificados como os NFTs.

Ou seja, há um volume considerável de movimentações orientadas a tornar criptoativos mais do que um exotismo ou uma forma de especulação características de ativos digitais. Há uma convergência de interesses, oportunidades, capacidades tecnológicas e intenção de fazer dos criptoativos uma alternativa viável, inclusiva e popular de moeda corrente, o que, por sua vez, deve merecer atenção dos varejistas.

Em termos reais, dados recentes do CoinMarketCap, mostram que o bitcoin movimentou mais de R$ 2 bilhões nos últimos 30 dias, conforme dados de 3 de janeiro. A stablecoin USDT, por sua vez, movimentou R$ 2,7 bilhões, o que simboliza que os usuários de criptos permanecem ativos mesmo após as quedas sensíveis das cotações do Bitcoin e outros criptoativos em 2022.

Do ponto de vista prático, dada a realidade brasileira e a orientação e visão do governo recém-eleito, um tanto descolado das tendências gerais (mudança nos formatos de trabalho, nas relações de consumo e nas dinâmicas de um mundo no qual conectividade e IAs despersonalizam e desconstroem padrões estabelecidos), tudo o que se vê na CES parece irreal e muito além do que o Brasil necessita.

Falamos de fome, preços de combustível fóssil, incentivos à indústria, reforma tributária (uma tolice impraticável), gastando energia preciosa que poderia ser aplicada para idealizar e viabilizar um projeto de país ao menos mais sintonizado com o século XXI, onde a tecnologia digital dá as cartas e potencializa comportamentos insurgentes.

Assim, não surpreende que abordar o assunto criptoativos aplicado ao negócio de varejo pareça inútil e sem sentido. Agir assim, seria como renegar a força do PIX ou a influência do TikTok como motor de mudança de comportamento. O fato é que as criptomoedas vão se estabelecer como alternativas de transação e de fidelização dos clientes.

Vale a pena acompanhar iniciativas pioneiras como a da loja Nike no Roblox, que se constituiu em novo canal de vendas e respondeu por 26% das vendas digitais da marca em setembro de 2022 (US$ 185 milhões). Vale a pena olhar para a experiência do FlyFish Club, em NY. Um restaurante e clube de networking acessível somente para membros que se associam adquirindo NFTs.

Ou então, estudar o caso da Starbucks Odyssey, uma nova experiência com tecnologia Web3 que oferecerá aos membros do Starbucks Rewards e parceiros Starbucks (funcionários) nos Estados Unidos a oportunidade de ganhar e comprar ativos colecionáveis digitais que desbloquearão o acesso a novos benefícios e experiências imersivas de café. Tudo isso a partir de NFTs que os membros do atual clube de benefícios da marca, venham a criar, interpretando a paixão por café e ganhando senso de pertencimento e relação à rede de cafeterias.

Nesse sentido, os varejistas brasileiros têm diante de si a oportunidade de criar novas fontes de receita, ao mesmo tempo em que podem realmente avançar nos processos de engajamento dos consumidores, particularmente da Geração Z, que se mostram avessos à programas de fidelidade e marcas tradicionais ou convencionais.

Uma estratégia de construção de um “Varejo Fintech”, que ofereça serviços financeiros, formatos de crédito, carteiras digitais e programas de cashback, pode também permitir transações e a adoção de criptomoedas. Os efeitos práticos vão além da simples ideia de inovação ou pioneirismo digital:

– Fazem a marca e a empresa varejista evoluir do padrão convencional de relacionamento com clientes para a criação de senso de pertencimento. Engajar clientes na produção e na coleção de NFTs pode revelar quem são os reais apóstolos da marca e dar a eles até mesmo acesso às ações da empresa;
– Dar aos clientes o poder de influenciar a imagem e a narrativa de marca, a partir da concepção de autenbticidade associada tanto aos NFTs quanto ao fato da rede varejista criar mecanismos que a desvinculem do sistema bancário tradicional;
– Criar um ecossistema de criativos e colecionadores de NFTs, que seja mais tangível e menos volátil que planos de marketing ancorado a calendários promocionais.

Logo, é necessário incorporar e refletir como o “criptoverso”, a combinação de Metaverso como canal adicional de vendas e engajamento, com criptoativos e o universo de criadores de NFTs pode criar novas fontes de receita e estimular a participação ativa de uma base de clientes com grande poder de influêbncia e atração. O campo está aberto para jogadores de visão e que estão inquietos diante das respostas fracas, em termos de resultado, para as estratégias convencionais e excessivamente cautelosas.

Fonte: Consumidor Moderno

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