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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quem é o empreendedor brasileiro que disse não à Macy’s

A vida de empreendedor de Gilson Martins começou por acaso. Estudante de uma escola de artes, Martins ficou incomodado com uma mochila que rasgava sem parar. Pegou material do pai, que era estofador, e resolveu refazer a bolsa. “Eu fiz modificações na modelagem dessa mochila, uma colega ficou encantada e encomendou uma peça”, conta.
Desde 1982, o empresário trabalha na criação de malas, bolsa, mochilas e porta-moedas. O uso de imagens do Brasil, como a bandeira, e de paisagens cariocas, como o Corcovado, levou a grife carioca com o nome do designer ao sucesso.
Nas mãos de celebridades e turistas estrangeiros, as peças levavam um pouco do país para o mundo. “Como a primeira bolsa foi produzida com um material para estofado de área externa, parti para uma pesquisa de fazer bolsas com materiais não convencionais. O meu público foi formado pelos cariocas de vanguarda, de pensamento expansivo. Precisava de uma personalidade forte para usar esse tipo de produto, que não era couro”, diz.

A grife comercializa mais de 500 itens diferentes, de porta-comprimido a capa para tablet estampados com paisagens cariocas. Os preços vão de 20 reais, para uma “lembrancinha”, a 200 reais uma bolsa média. Com três lojas no Rio de Janeiro, Martins estava negociando com a cadeia de lojas de departamento Macy’s para colocar suas peças nos quase 900 endereços da rede americana.

Depois da negociação, sua resposta foi categórica. “Não vejo necessidade de levar meu produto para o mundo. Eu criei um trabalho que acho mais bacana poder receber as pessoas do mundo todo aqui”, explica.
Para ele, o momento de visibilidade do país com uma imagem mais clara do que é o Brasil "exige aproveitar isso da melhor maneira”. “Eu vendo uma representação da localidade nela própria, da geografia carioca, do Cristo e do Pão de Açúcar. Quando você vende seu produto sem os ícones é como um quebra-cabeça sem a mesa. Falta alguma coisa”, ressalta.
Não foi só a convicção de designer que fez Martins desistir da parceria. “Eles queriam uma quantidade muito grande, depois quiseram fabricar na China e não fiquei com vontade de fabricar meu produto na China. Ser local me garante mais satisfação”, diz. A rede americana pediu uma produção 18 vezes maior do que as mil peças fabricadas por mês pela empresa.
Em sociedade com o irmão, Gerson, o designer é responsável pela parte criativa e comercial do negócio. Nas lojas, Martins afirma que, além dos cariocas, os franceses são os principais clientes. “O Rio de Janeiro é uma colônia francesa, só tem francês aqui e por uma questão de destino eu apresentei muitas vezes o meu trabalho lá. Hoje, tenho uma vendedora francesa na loja de Ipanema”, conta.

Fonte: Exame

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