Pesquisa mostrou que 185 redes de supermercados e 294 redes varejistas cumprem bons critérios para receber aportes de grandes fundos ou passarem por processos de fusão e aquisição.
Por Nathalia Larghi
O varejo brasileiro ainda patina na recuperação econômica. Mas em agosto, os dados vieram melhores do que o esperado. Há especialistas que afirmam que, apesar do cenário, existem muitas empresas com potencial no setor. Recentemente, uma pesquisa feita pela Hand, assessoria especalizada em fusões e aquisições, mostrou que existem 479 empresas familiares do ramo com potencial para receber aportes de fundos ou ser comprada ou fundida por outra rede.
O levantamento considerou varejistas com faturamento anual entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões, além de supermercados e atacados com faturamento anual acima de R$ 300 milhões. Após vários filtros, o levantamento chegou no número de 1.751 varejistas familiares, dentro de uma determinada faixa de receita, que nunca havia recebido nenhum tipo de aporte. Ao final da pesquisa, a conclusão foi de que 185 redes de supermercados e 294 redes varejistas têm potencial para receber injeção de dinheiro de investidores ou serem adquiridas.
Para determinnar que empresas poderiam receber esses tipos de aportes, a equipe da Hand usou diversos critérios. O primeiro deles, segundo José Venancio, sócio da assessoria, foi um filtro de quais setores estão em um bom momento e na mira de possíveis investidores.
“Setores mais maduros já são mais consolidados, com poucas empresas dominando o mercado. Fora do Brasil é usual esse quadro de consolidação, outros não. Antigamente, por exemplo, havia hospitais familiares, faculdades familiares. Hoje, muitos foram comprados por grandes grupos, o que não aconteceu com outros segmentos”, explica o especialista.
No estudo foram mapeados setores como os de artigos esportivos, cosméticos, eletrônicos, floricultura, papelarias, livrarias, moda, móveis, pet, supermercados e varejo alimentício. Segundo Venâncio, um destaque dentre os ramos mapeados é o dos supermercados, que já vêm chamando a atenção do mercado.
“O fundo [de private equity] Pátria comprou uma série de supermercados. Rcentemente, o Advent [também de private equity] assumiu 80% do Walmart no Brasil, reposicionou, transformou em grupo BIG e depois vendeu para o Carrefour. Quando outros fundos olham isso, eles querem entrar nesse mercado também”, afirma.
Além disso, Venâncio explica que é preciso olhar a empresa mais de perto para saber qual é o potencial dela. Essa avaliação é feita de forma minuciosa, em que os especalistas avaliam tópicos como a quantidade de lojas, de fábricas, de funcionários e a distribuição geográfica a fim de tentar entender e mapear a saúde financeira e a eficiência daquela empresa.
Mas afinal, isso é ou não bom para o consumidor?
O número de empresas que cumprem requisitos para serem compradas por grandes grupos ou mesmo receberem aportes de grandes investidores é alto. Mas isso significa que movimentos como esses serão bons para o consumidor? Segundo Marcos Andrade, conselheiro da Hand M&A, uma negociação assim tende a ser benéfica por “profissionalizar” as empresas.
“Do ponto de vista do consumidor, quanto mais profissional for o varejo, melhor para ele. E hoje ainda tem a questão da tecnologia. Mesmo em lugares distantes, você tem acesso aos consumidores. A loja física é fundamental, mas em um determinado momento o pequeno varejista achava que eletrônico era concorrente e viu que não. Ele viu que é um complemento. Mesmo um negócio pequenininho que coloca fotos no Instagram e contrata um motoboy está inserido no meio digital. E para melhorar e potencializar isso a empresa precisa de capital. O pequeno bem gerido, consegue aportes de capital para crescer. Já o pequeno que é mal gerido ou fecha ou é adquirido”, afirma.
Segundo Andrade, em negócios como o setor de supermercados, a compra de pequenos negócios por grandes marcas pode trazer mais qualidade, já que a concorrência passa a ser entre empresas do mesmo porte e com as mesmas “armas” disponíveis. “Não há nada que um faça que o outro não possa fazer para concorrer. Isso faz com que haja mais competitividade e qualidade do serviço oferecido, isso é experiência que se tem na prática, como é no Reino Unido”, afirma.
De acordo com o especialista, o Brasil tem um baixo grau de concentração na maioria dos setores varejistas analisados.
Resultados da pesquisa
No levantamento, as redes varejista mapeadas foram subdivididas em categorias de acordo com seu porte. As maiores tinham receita entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões e as menores, entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões. O estudo concluiu que as maiores possuem em média 44 lojas por rede, enquanto as menores têm uma media de 23 estabelecimentos.
Nos supermercados, a subdivisão também foi feita com base no porte das companhias. As maiores empresas tinham receita acima de R$ 1 bilhão, as médias contavam com receita entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão, e as menores tinham receita entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. Segundo a Hand, o número de lojas também seguiu o padrão em concordância com o faturamento da rede. As menores têm em média 11 lojas, enquanto as redes de médio porte, 18, e as maiores, 37. A rede com a maior quantidade de lojas possui 145 unidades.
Fonte: Valor Investe
Nenhum comentário:
Postar um comentário