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quarta-feira, 5 de abril de 2023

O que as empresas de varejo no Brasil ainda podem aprender com os EUA

Por mais que haja grandes diferenças entre mercados, há duas lições fundamentais que o varejo brasileiro deve aprender com os EUA.

Anualmente, o Javits Center, em Nova York, recebe o maior evento de varejo do mundo: o NRF Retail’s Big Show/Crédito: Divulgação

No início de 2023, a Consumidor Moderno foi para os EUA para cobrir dois eventos que acontecem tradicionalmente em janeiro no país. O primeiro deles foi o Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas. O segundo, a partir de uma feliz, prazerosa e honrosa parceria com a Varejo180, foi a NRF 2023: Retail’s Big Show, que acontece em Nova York. Este, que é o maior evento de varejo do mundo, conta tradicionalmente com a presença de um grande número de brasileiros – e em 2023 não foi diferente.

Por mais que as varejistas tenham aprendido muito com o que viveram desde 2020, é fato que a NRF é uma oportunidade indispensável para mapear tendências e ouvir as maiores empresas do segmento dos EUA – como Macy’s, Nordstrom, Target etc. Mas, afinal, o que elas têm para ensinar? E será que vale considerar a experiência de quem atua em um mercado de consumo muito mais maduro que o brasileiro? Fui para NY com estas duas perguntas em mente e, ao fim do evento, tinha algumas respostas para ambas. Dois principais pontos comprovaram que, sim, é possível e necessário aprender com essas empresas.

O primeiro deles é a capacidade e a naturalidade com que o varejo norte-americano relaciona investimentos à geração de valor para a marca, mesmo quando o resultado não é rápido ou direto. A forma como como as varejistas norte-americanas desenvolvem o propósito da empresa, por exemplo, demonstra que este é um tema que deve funcionar como um norte a ser seguido, muito mais do que um tema para o desenvolvimento de atividades paralelas ao core da empresa.

Um exemplo prático é a Chobani, marca número 1 de iorgurte grego dos EUA. Ela estabeleceu suas práticas a partir da missão de nutrir pessoas: concentra-se em usar ingredientes simples e naturais nos produtos – incluindo leite de fazendas locais e frutas frescas –; oferece uma imensa variedade de produtos de iogurte grego – sem lactose, orgânicos, com menos açúcar, com proteínas adicionadas etc.; utiliza uma embalagem transparente que permite enxergar os ingredientes; e tem forte envolvimento com causas sociais que vão desde a ajuda a refugiados até uma parceria com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), com foco em promover práticas agrícolas sustentáveis.

O segundo ponto é a clareza com que desenvolvem e comunicam estratégias, mesmo em cenários considerados adversos. Apesar de ainda estarem assustadas com a alta da inflação no país (algo que, para o brasileiro, já é natural), as varejistas norte-americanas já desenvolveram atividades que, com base no conhecimento sobre o cliente, buscam atender à diminuição do potencial de compra e, ao mesmo tempo, reduzir os custos da empresa – em muitos casos, essa alternativa é a digitalização de processos internos e ganhos de eficiência, o que não necessariamente resulta em cortes de pessoal.

A partir disso, as empresas podem e devem refletir sobre seus diferenciais: O que justifica a permanência deste modelo de negócio? Qual é o “porquê” por trás dele? Voltar ao “porquê” pode trazer clareza em cenários de adversidade e orientar estratégias assertivas. Transmitir o “porquê”, então, pode gerar identificação entre a marca e os seus clientes, resultando em uma conexão genuína, fortalecida por valores verdadeiros.

Fonte: Mercado & Consumo

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