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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

PIX E CELULAR EMPURRAM COMÉRCIO ONLINE

Expansão na casa de 20% ao ano deve levar mercado brasileiro a movimentar US$ 432 bi em 2026, diz estudo.

Por Mariana Ribeiro


Impulsionado por fatores como o uso massivo do celular e a rápida adoção do Pix, sistema que permite fazer transferências e pagamentos de forma instantânea e de graça, o comércio on-line brasileiro deve crescer a um ritmo de mais de 20% ao ano nos próximos anos, movimentando cerca de US$ 211 bilhões neste ano e US$ 432 bilhões em 2026.


Os dados são de um estudo encomendado pela plataforma global de pagamentos Nuvei à Americas Market Intelligence (AMI). Foram consideradas todas as compras on-line de bens e serviços, locais e transfronteiriças, abarcando todas as categorias de produtos e métodos de pagamento.


O relatório mostra que o varejo on-line no país seguirá atraindo grandes varejistas internacionais, principalmente da China. Cerca de metade do comércio eletrônico transfronteiriço no país já está ligado a empresas asiáticas. A tendência é que essa participação continue subindo na esteira da rápida digitalização dos meios de pagamento no país e do avanço no uso de celulares.


O Brasil representa mais de 40% do volume total das vendas on-line na América Latina e está entre os 10 principais mercados de interesse para empresas varejistas da Ásia que buscam a expansão internacional como Shein, AliExpress, Shopee e Rakuten, diz o estudo, que deve ser apresentado nesta terça-feira no evento Money 20/20, em Las Vegas (EUA).


O estudo aponta que a América Latina é um destino atrativo para empresas asiáticas devido a fatores estruturais e culturais comuns entre as regiões. O presidente da Nuvei, Yuval Ziv diz que Brasil e México são particularmente relevantes pelo “tamanho, dinamismo e padrões culturais que refletem os mercados asiáticos”. As companhias asiáticas têm, por exemplo, experiência em lidar com ineficiências que são tradicionais em mercados emergentes. Ambas as regiões apresentam diferentes arcabouços regulatórios e tributários, por exemplo.


Há semelhanças também quando considerada a forte adoção de celulares. Na América Latina, muitos consumidores pularam a fase de computadores e migraram diretamente para o celular. O relatório diz a disponibilização de sites responsivos e aplicativos que funcionam em aparelhos com pouca memória têm sido fatores-chave para o sucesso em ambos os mercados. As duas regiões exigem das empresas certa “tolerância à incerteza”, para lidar com instabilidades econômicas, por exemplo.


Outro fator apontado como importante para a entrada de estrangeiras é a tecnologia que permite que as empresas vendam on-line e aceitem pagamentos localmente sem a necessidade de abrir operações no país. Assim, o lojista estrangeiro pode ter relação direta com as empresas nacionais que fazem a intermediação e o processamento de transações financeiras, aceitando pagamentos locais.


Para Lindsay Lehr, chefe da área de pagamentos da AMI, por ora, há espaço para esses novos concorrentes entrarem no mercado brasileiro sem necessariamente “roubar” mercado dos “marketplaces” locais. É possível, no entanto, que o cenário mude na próxima década. “Hoje, cerca de 20% das vendas do varejo no Brasil são on-line. Na China, esse percentual é de mais de 30%. Isso sugere que há espaço para novos ‘players’ no país. Em algum momento, no entanto, um limite será atingido e os vendedores locais terão que competir com os novos. Pode ser que isso aconteça na próxima década”, disse Lehr ao Valor.


Entre os principais desafios para a expansão das asiáticas na América Latina, Lehr destaca fatores como o tempo de entrega de produtos e aspectos tributários e burocráticos, que impactam o preço do produto final. Para ela, é esperado que mais varejistas estrangeiros passem a ter operações também no Brasil nos próximos anos.


Segundo estudo realizado pela AMI em 17 países da América Latina, o e-commerce na região deverá crescer 35% em 2022 e irá manter um ritmo de crescimento de cerca de 25% ao ano até 2025. O movimento está sendo puxado por instrumentos de transferências bancárias, que devem crescer 60% neste ano e estão fazendo com que os cartões de crédito percam fatia no volume total do e-commerce pela primeira vez na história.


O Pix brasileiro é o principal impulsionador dessa tendência, mas México, Colômbia, Argentina e outros mercados também estão passando por esse processo. No México, a expectativa é que o comércio eletrônico cresça a uma taxa anual de 32% entre 2022 e 2026.

No Brasil, a AMI espera que, nos próximos anos, o cartão de crédito siga liderando a lista de métodos de pagamentos mais utilizados no e-commerce, mas que perca espaço para o Pix, principalmente à medida que sejam liberadas novas funções do pagamento instantâneo, como a que permitirá o parcelamento de compras.


Fonte: Valor Econômico

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