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segunda-feira, 13 de março de 2023

Com a palavra, o idealizador do ChatGPT, direto do SXSW 2023

Desde fins do ano passado, o ChatGPT virou o assunto mais quente entre executivos do mundo todo. É hora de saber o que o Presidente e Co-fundador da Open AI pensa disso.


Greg Blockman é Presidente e Co-fundador da Open AI, uma empresa dedicada a difundir e aplicar os benefícios da Inteligência Artificial em favor da humanidade. Sob a sua inspiração, a Open AI ganhou as páginas e sites da mídia e das redes sociais com o ChatGPT – e, claro, chegou ao SXSW 2023.

ChatGPT e o DALL-E (que produz imagens a partir de descrições), representam IAs generativas que realizam atividades intelectuais e criativas de modo impressionante. O ChatGPT provou que a IA veio para ficar. Sua aplicação impactou praticamente todas as atividades intelectuais, da criação de publicidade aos exames de admissão em universidades, dos trabalhos de pesquisa ao desenvolvimento de estratégias, provocou fissuras no Google, por trazer resultados mais consistentes em perguntas normalmente associadas às buscas.

Evidentemente que o assunto envolve questões éticas complexas que acompanham esta nova era de inovação: Qual o futuro da identidade, da mídia, da produção cultural e criativa sob o peso da capacidade de execução das IAs? O que significa ser humano em um mundo regido pelas IAs?

Greg Brockman, conversou com Laurie Segall, CEO da Dot Dot Dot Media no SXSW 2023 sobre como toda essa mudança trazida pelas IAs generativas será sentida cada vez mais em quase todos os aspectos de nossas vidas diárias.

“Se você construir a tecnologia que se torna muito mais valiosa e poderosa
do que qualquer empresa existente, você consegue criar um negócio
com incrível capacidade de personalização” Greg Brockman

Uma história de apenas 5 meses

ChatGPT foi lançado oficialmente em 22 de novembro de 2022 e atingiu 100 milhões de usuários em apenas um mês. Portanto, em apenas 5 meses, a IA ganhou essa escala brutal. E, segundo Greg Brockman, isso aconteceu justamente porque o ChatGPT foi pensado em ser simples e acessível para as pessoas.

A ideia era oferecer uma IA adaptável e com grande capacidade de se conectar com tecnologias e aplicações diferentes. Obviamente, a missão da Open AI é a de tornar a IA mais acessível e inclusiva, para criar um impacto positivo na sociedade. “O que podemos fazer como tecnologistas para tornar a IA mais acessível, o que poderia ser útil atualmente, dentro de uma perspectiva otimista e transformadora?”, comentou o fundador e líder da Open AI, que idealizou o Chat GPT como o conhecemos hoje.

Criada há 7 anos, a Open AI nasceu como organização não dedicada ao lucro, porque tem o compromisso de gerar impactos positivos a partir da IA. Foi um ponto de partida ambicioso e corajoso, mas, como então tornar essa concepção capaz de mostrar que seria possível tornar a IA benéfica para as pessoas e para a sociedade?

Foi quando, após algum tempo, a empresa recebeu um cheque de US$ 100 milhões – o que é bastante estranho para uma organização sem fins lucrativos. Para Greg, “o capitalismo é um mecanismo muito bom dentro dos limites do design”, frisa. “Mas se você construir uma tecnologia que se torna muito mais valiosa e poderosa do que qualquer empresa existente, você consegue criar um negócio com incrível capacidade de personalização”, diz Greg Brockman .

O que o CEO da Open AI defende é que a combinação de investimento com uma missão consultiva pode gerar produtos realmente inovadores, exatamente como o ChatGPT. Essa IA apresenta uma excepcional capacidade de interpretação cognitiva e de comunicação, o que o torna capaz de assumir tarefas intelectuais de razoável complexidade, onde a exatidão e a precisão da informação são quase uma regra. Petições, e-mails, apresentações, textos simples, provas e dissertações são exemplos do uso dessa poderosa Inteligência Artificial.

IAs generativas e o talento humano: feitos um para o outro?

Greg afirma que uma IA generativa pode liberar o talento humano para explorar novas possibilidades e explorar novos aspectos da vida, É fascinante ver como as pessoas estão criando aplicações e usos para a IA para facilitar sua vida e atingir novos patamares de produtividade e performance na elaboração de atividades intelectuais.

O fator central é evidentemente: a exponencialização. Quanto mais o ChatGPT é usado, mais preciso, útil e “criativo” essa tecnologia fica. E isso vale para tarefas individuais e corporativas.

“Temos de trabalhar duro para tornar essa tecnologia mais confiável e fácil de ser usada, para que possamos manuseá-la e controlar melhor suas possibilidades e aplicações” – Greg Brockan.

Como bem observou Greg Brockman: “Isso (IA generativa) não é sobre-humano. Não é bem verdade para a IA, pois acho que chegaremos lá em um ponto. É uma ferramenta realmente superpoderosa, mas acho que haverá um processo e algo do qual todos precisamos participar, do que podemos prever no futuro com IA. Temos de trabalhar duro para tornar essa tecnologia mais confiável e fácil de ser usada, para que possamos manuseá-la e controlar melhor suas possibilidades e aplicações”.

Laurie Segall, a comentar sobre essas capacidades da IA generativa, procurou mostrar variáveis práticas e como elas se amoldam ao nosso cotidiano digital: “Acho que uma das coisas mais interessantes para mim é a capacidade dessa tecnologia de sintetizar informações, fazer previsões e identificar padrões. Podemos imaginar sobre os casos de uso futuro mais promissores do que a Inteligência Artificial será capaz de prever, como doenças, mercado de ações, a probabilidade de se divorciar?”

Claro, o campo está aberto para experimentações e especulações, há muita conversa e muito debate sobre essa nossa relação com as IAs e como elas, essencialmente, podem melhorar a qualidade de nossas decisões.

“Há todo um processo mental que usamos para modelar o ChatGPT, sempre pensando na palavra seguinte que faria sentido em uma conversa” – Greg Brockman.

No campo dos criadores de conteúdo, por exemplo, ela se expande extraordinariamente. Novas histórias incríveis e inusitadas podem ser criadas em quantidade, qualidade e velocidade incomparáveis. São ideias em abundância que estão sobre a mesa e não necessariamente dentro de uma óptica “Black Mirror”, (seriado distópico que fez furor há alguns anos, transmitido pela Netflix).

Greg acredita que estamos nos movendo para um mundo com mais possibilidades de criar soluções e produtos melhores. “Há todo um processo mental que usamos para modelar o ChatGPT, sempre pensando na palavra seguinte que faria sentido em uma conversa. Assim, para podermos pensar no design de um contexto, a lógica é fazer a IA pensar sempre em qual é a melhor palavra seguinte, como nós responderíamos a uma pergunta. É um modelo básico, calibrado de acordo com o contexto”, destaca o Presidente e Co-fundador da Open AI.

ChatGPT, IAs e dilemas éticos

“Estamos entrando em uma era fascinante e assustadora ao mesmo tempo. Nesse sentido, o que acontece com a verdade a partir das possibilidades das IAs generativas?”, questiona Laurie, da Dot Dot Dot Media. Greg afirma que praticar e criar inverdades não é algo novo e sempre faz parte da história humana e estão presentes de forma incisiva desde o início da internet, há mais de 20 anos.

Mas será que as IAs serão utilizadas para manipular eleições e desestabilizar governos? Como desenvolver o senso de discernimento entre o que é real ou apenas “fake”? O interessante nisso é que as próprias IAs podem ser usadas para mostrar o que é verdade e quais os fatos, sem paixões e sem vícios e vieses. É crível que as IAs serão objeto de regulação futura. É tentador regular e controlar essas tecnologias, mas dentro de quais objetivos? Os governos são parte do problema e da disseminação de informações falsas, logo, devem encampar as discussões regulatórias em bases maduras e isentas.

E dentro desta nova era, o que pudemos aprender a partir do uso dos primeiros sistemas de IA? Talvez o grande erro de qualquer Inteligência Artificial seja a dificuldade de entender o que é ser humano, comenta Laurie. Talvez porque elas se dedicam a responder perguntas humanas e oferecer respostas que façam sentido para os humanos, mas não necessariamente consigam compreender a gama de emoções que nos caracteriza e define.

Em algum momento futuro, as IAs terão de lidar e depurar vieses e preconceitos humanos, e sua evolução é, simplesmente, inimaginável. Veremos. Enquanto isso, temos aqui a tarefa de realmente adaptar nossa vida à presença dessas maravilhosas e ainda desconhecidas tecnologias.

Fonte: Consumidor Moderno

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